Olivier François, à conversa com a Razão Automóvel, falou-nos sobre a importância fulcral do Grande Panda para o futuro global da FIAT.
A FIAT quer globalizar-se e o Grande Panda é o primeiro passo dessa ambição. Com a promessa de chegar a mercados fora da Europa — Médio Oriente, África e América do Sul —, o modelo representa o ponto de viragem.
“Este é o momento da FIAT”, exclamou Oliver François, diretor-executivo da marca, na apresentação mundial do modelo, enfatizando a importância do novo modelo.
Agora pudemos estar à conversa com Olivier François que ajudou-nos a perceber como o Grande Panda é um dos pilares do futuro da FIAT… e não podia ser mais claro: “O Grande Panda é o primeiro modelo da marca verdadeiramente global (depois do Palio na década de 90) em muitos anos”.
Olivier François, diretor-executivo da FIAT, com o Grande Panda.
E quando referimos o relativo insucesso do Palio na Europa, por ter sido visto na altura como um carro de terceiro mundo, François não tem dúvidas:
“É algo que já não existe, esse conceito de terceiro mundo e essa é a beleza de viver no século XXI. Com a plataforma certa, da Stellantis, e um design inspirador como o que temos, podemos aspirar a volumes de produção muito elevados e, com isso, ganhar dinheiro com um automóvel no segmento B, o que é bastante difícil.”
Olivier François, diretor-executivo da FIAT
“O Grande Panda vai estar à venda no Médio Oriente, em África e na América do Sul, onde irá substituir o Argo e não será necessariamente chamado Panda”, rematou. O objetivo passa por atingir um volume anual de produção na ordem das 300 mil unidades, distribuídas por “pelo menos três fábricas”, uma por cada região referida acima.
Uma coisa é certa, o Grande Panda é só o início do crescimento global da FIAT e nos próximos 18 meses veremos mais novidades — que poderá ler mais abaixo. E nesta troca de palavras até ficámos a saber o que aconteceu ao sucessor do Punto — que chegou a estar planeado.
Gémeo falso
Mas temos de falar também no «elefante na sala» — ou será Panda? —, que são as comparações que têm sido feitas com o Citroën C3, com que partilha a mesma plataforma, mas François já tinha resposta pronta e sucinta: “Uma plataforma é uma plataforma. E não é por ser partilhada que o carro passa a ser o mesmo”.
“Em termos de design, penso que não poderia ser mais FIAT do que é e com claras ligações ao carro original.”
Olivier François, diretor-executivo da FIAT
De facto, o novo Grande Panda apresenta-se com uma imagem retro-futurista, inspirada no Panda original dos anos 80, reinterpretada num formato mais robusto e próximo de um SUV. O interior não fica atrás, com inúmeros detalhes que homenageiam a história da marca, incluindo a inspiração para o interior na histórica fábrica de Lingotto — essa mesma, a que tinha uma pista de testes no topo.
“Respira história por todos os poros, com um tamanho maior (que o Panda) e uma interpretação SUV”, confidenciou o executivo. Fique a conhecer o nosso veredito inicial:
Para o Grande Panda viver, o Punto teve de morrer
A presença do segmento B pela FIAT era feita, desde a década de 90, pelo Punto (ou Grande Punto, já este século). A produção terminaria em 2018, sem um sucessor para um segmento que a FIAT já dominou.
E antes do Grande Panda, curiosamente, poderia ter nascido um Grande Punto, como Olivier François nos confirma: “Havia na empresa um projeto de desenvolvimento de um novo Punto, para o segmento B, mas não me entusiasmava. Por isso, cancelámos esse projeto”, revelou.
A ambição era outra: “Eu queria um carro mais icónico no design, não generalista. Queria que conquistasse imediatamente o estatuto de único. Mas não tão singular como o Fiat Multipla, que chocou o mercado e não teve sucesso”.
“A minha ideia era uma espécie de cruzamento de genes do Range Rover Evoque com o Panda original dos anos 80.”
Olivier François, diretor-executivo da FIAT
O resultado está à vista de todos: apesar da silhueta similar à do «primo francês», o Grande Panda é distinto, tem personalidade e está cheio de detalhes únicos.
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Apesar de ter sido descartado, o eventual regresso do Punto ainda continua a ser tópico de discussão. “Julgo que não (voltará), mas vai depender muito da maturidade do mercado de automóveis elétricos”, disse.
Elétricos? Sim, é uma das ideias em cima da mesa para o eventual regresso deste nome histórico à marca. Recentemente, a equipa de design apresentou a François um conceito denominado “Aero Punto” — um hatchback elétrico que, segundo o CEO, “é espetacular”.
Mas não dá garantias: “Não sei se o iremos produzir algum dia, porque fazemos muitos projetos que não avançam, mas posso garantir que é espetacular”.
“O FIAT Grande Panda é o meu bebé”
O executivo avançou ainda “o FIAT Grande Panda é o meu bebé, é quase um assunto pessoal… e com 63 anos, perto do final da minha carreira, vejo-o nascer, lanço-o no mercado e depois sinto-me livre”.
© FIAT Olivier François, CEO da FIAT, mas também da Abarth e da DS Automobiles. Acumula ainda o cargo de diretor de marketing da Stellantis.
E parece estar tão seguro do seu sucesso, também na Europa, que não parece estar particularmente preocupado com a concorrência, como o nostálgico Renault 5 E-Tech: “Vai ser uma corrida interessante… mas o Renault 5 é bastante caro, por isso só as nossas versões de topo irão ser concorrentes diretas da entrada de gama deles”.
O que se segue para a FIAT?
No próximo ano e meio, a gama global da FIAT vai crescer com o lançamento de três novos modelos baseados nos concept cars apresentados no ano passado: um SUV e um fastback do segmento C (vão tomar o lugar do Tipo), e ainda uma pick-up (sucessora da Strada).
“São carros que têm alguns genes do Grande Panda, mas não se vão chamar Panda e irão pertencer a diferentes segmentos, atendendo a diferentes clientes, em diferentes regiões”, disse.
Quanto ao atual Pandina (Panda em comercialização no segmento dos citadinos), a produção vai continuar na fábrica de Pomigliano, em Itália. Mas a FIAT já confirmou que irá conhecer uma nova geração no final da década:
Sabe esta resposta?
Qual será o nome da futura evolução do atual Fiat Panda?