A visita de Witkoff terá lugar “penso que na próxima semana, na quarta ou quinta-feira. Eles querem vê-lo. Pediram para se reunir. Vamos ver o que acontece”, disse o presidente dos EUA aos jornalistas no domingo à noite.
Donald Trump disse ainda que dois submarinos nucleares, cujo envio ordenou na sequência de uma disputa online com o antigo presidente russo Dmitry Medvedev, estão agora “na região”, sem especificar qual deles.
O presidente norte-americano não especificou se se tratava apenas de submarinos de propulsão nuclear ou de submarinos equipados com ogivas nucleares. Também não deu pormenores sobre os locais exatos da sua instalação, que são mantidos em segredo pelos militares americanos.
Esta demonstração de força surge numa altura em que, na semana passada, Donald Trump deu à Rússia dez dias, ou seja, até à próxima sexta-feira, para pôr fim à guerra na Ucrânia, sob pena de novas sanções não especificadas.
“Haverá sanções, mas eles parecem ser bastante bons a evitar sanções. São personagens manhosas e são bastante bons a e evitar sanções. Veremos o que acontece”, acrescentou Trump
Quando questionado sobre se Moscovo poderia fazer alguma coisa para evitar as sanções, Trump respondeu: “Sim, chegar a um acordo para que as pessoas deixem de morrer”.
Trump afirmou na passada terça-feira que começava nesse dia um ultimato de dez dias que concedia ao seu homólogo russo, Vladimir Putin, para chegar a um acordo de paz com a Ucrânia.
“Dez dias a partir de hoje”, disse Trump, a bordo do avião presidencial Air Force 1, durante uma conversa com jornalistas, que lhe perguntaram sobre a redução do prazo que ele tinha anunciado recentemente.
“Não sei se isso afetará a Rússia, porque é evidente que ela quer continuar com a guerra”, acrescentou.
Trump insistiu que o número de mortos resultantes da guerra que Moscovo trava em território ucraniano duplicou, e que, por isso, quer que a guerra chegue ao fim o mais rapidamente possível.
Por sua vez, o Governo russo manifestou-se nessa terça-feira ciente do novo ultimato de Trump, mas acrescentou que a Rússia está disposta a continuar a guerra. O presidente russo já se encontrou várias vezes com Steve Witkoff em Moscovo, mas os esforços de Donald Trump para restabelecer o diálogo com o Kremlin não deram frutos.
Para o Kremlin a deslocação de Steve Witkoff a Moscovo é “importante e útil”. “Estamos sempre contentes por ver Witkoff em Moscovo e estamos sempre satisfeitos por estar em contacto com ele. Acreditamos que estes contactos são importantes, construtivos e úteis”, afirmou o porta-voz da presidência russa, Dmitri Peskov, durante uma conferência de imprensa.
Vladimir Putin, que sempre rejeitou os apelos a um cessar-fogo, afirmou na sexta-feira que queria a paz, mas que as suas exigências para pôr fim à sua invasão lançada em fevereiro de 2022 permaneciam inalteradas.
“Precisamos de uma paz duradoura e estável, assente em bases sólidas, que satisfaça tanto a Rússia como a Ucrânia e garanta a segurança dos dois países”, disse o presidente russo aos jornalistas, antes de acrescentar que “as condições permanecem as mesmas, claro” do lado russo.
Moscovo exige que a Ucrânia entregue formalmente quatro regiões ucranianas que o exército russo controla parcialmente (Donetsk, Lugansk, Zaporizhia e Kherson), bem como a península ucraniana da Crimeia, anexada em 2014.
Para além destas anexações, o Kremlin quer que Kiev renuncie ao fornecimento de armas ocidentais e à adesão à NATO.
Estas condições são inaceitáveis para Kiev, que pretende a retirada das tropas russas e garantias de segurança ocidentais, incluindo a continuação do fornecimento de armas e o destacamento de um contingente europeu. O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, manifestou em várias ocasiões a sua vontade de se encontrar pessoalmente com Vladimir Putin para tentar desbloquear as conversações, uma proposta que, até à data, tem sido rejeitada pelo Kremlin.
Moscovo prossegue com ofensiva militar
Apesar das pressões de Washington, a ofensiva russa contra o seu vizinho pró-ocidental continua sem parar. Segundo as autoridades militares, um homem morreu e duas mulheres ficaram feridas na segunda-feira de manhã, na sequência de bombardeamentos russos na região ucraniana de Kherson (sul).
Na região central de Dnipropetrovsk, quatro localidades do distrito de Nikopol foram alvo de ataques de drones e fogo de artilharia, deixando três pessoas feridas, segundo o oficial militar regional Sergei Lyssak, que disse tratar-se de um bebé de quatro meses em estado grave e duas mulheres de 40 e 46 anos.
Por seu lado, o Ministério russo da Defesa comunicou 61 interceções de drones ucranianos, incluindo seis sobre a região de Volgogrado.
No domingo, a Ucrânia lançou um ataque com drones que provocou um incêndio num depósito de petróleo em Sochi, a cidade anfitriã dos Jogos Olímpicos de inverno de 2014, no Mar NegroEsta segunda-feira, um ataque de drones ucranianos provocou um incêndio na estação ferroviária de Archedatrain na região de Volgogrado, no sul da Rússia. A agência de notícias estatal russa TASS informou que vários comboios regionais foram atrasados na área.
Kiev anunciou a sua intenção de intensificar os ataques aéreos contra a Rússia, em resposta ao aumento dos ataques mortais russos no seu território nas últimas semanas.
Zelensky afirmou também no domingo que Moscovo e Kiev estavam a preparar uma troca de prisioneiros que permitiria o regresso a casa de 1.200 soldados ucranianos, na sequência de conversações com a Rússia em Istambul, em julho.
c/ agências