A Xiaomi não teve pejo em anunciar que o 15T Pro foi criado para disputar o mesmo espaço dos topos de gama. E, assim que o seguramos, percebemos que essa ambição não é apenas marketing. A estrutura em alumínio, a traseira em vidro mate e a moldura robusta conferem-lhe uma postura claramente premium. Não é um smartphone leve — ronda os 210 gramas —, mas o peso extra reforça a sensação de solidez. A ergonomia é boa, sem atingir o conforto dos modelos mais compactos, mas está longe de se tornar cansativa.

O ecrã AMOLED de 6,83 polegadas é, desde logo, um dos maiores argumentos deste terminal: extremamente fluido graças aos 144 Hz, com brilho suficiente para leitura sob luz solar directa e cores vivas sem cair na saturação artificial. Ver séries, jogar ou navegar pelas redes sociais torna-se uma experiência muito próxima daquela que encontramos em equipamentos (bem) acima dos 1000 euros.

No dia-a-dia — saltar entre mensagens, fotografia, vídeo, navegação GPS e aplicações sociais — a fluidez do 15T Pro aproxima-se claramente do comportamento dos verdadeiros topos de gama. Os 12 GB de RAM e o armazenamento rápido ajudam a manter a sensação de prontidão constante, mesmo em multitarefa mais exigente.

Fotografia e vídeo: quando a Leica entra em cena

Basta uma primeira foto para perceber que este é um sistema fotográfico com ambições altas. O 15T Pro combina um sensor principal de 50 MP com tecnologia Light Fusion, uma teleobjectiva periscópica também de 50 MP com zoom óptico 5x e um ultra-grande angular de 12 MP — um conjunto que dá ao telefone uma versatilidade acima da média para este segmento de preço.


O sensor principal é o destaque. Produz imagens com excelente detalhe, cores naturais — Leica, mas mais contida — e boa latitude dinâmica. Em baixa luminosidade, surpreende pela forma como mantém detalhe e controla o ruído. Comparado directamente com iPhone 17 Pro, Pixel 10 Pro ou Oppo Find X9 Pro, ainda se nota alguma diferença em cenários extremos, sobretudo na consistência entre disparos. Mas, no dia-a-dia, aproxima-se muito daquilo que estes modelos oferecem — e isso diz bastante.

A teleobjectiva periscópica é o trunfo mais distintivo. O zoom óptico 5x é realmente útil e permite captar detalhes a distâncias onde o iPhone e o Pixel já dependem mais do processamento. Em pouca luz, Apple e Google ainda conseguem resultados mais previsíveis, mas, na maior parte das situações, o Xiaomi ombreia com modelos bem mais caros.

A ultra-grande angular é o elemento menos impressionante. É competente em boa luz, mas perde detalhe e aumenta o ruído quando o cenário complica. Aqui, o iPhone e o Oppo continuam uns passos à frente.




Uma foto feita ao amanhecer, em contra-luz usando a câmara principal. Apesar destas condições, nota-se detalhe na zona de sombras da imagem
DR

Em vídeo, o 15T Pro grava até 8K/30 fps e 4K/120 fps. A estabilização é eficaz e as cores mantêm o perfil Leica, mais natural e menos saturado. Contudo, para gravação mais séria — entrevistas, reportagens, projectos profissionais — o iPhone mantém vantagem pela consistência cromática e fiabilidade do foco. O Pixel destaca-se em baixa luz e o Oppo oferece mais controlo para videógrafos. O Xiaomi aproxima-se, mas não ganha a a nenhum deles.

Ainda assim, o conjunto fotográfico está claramente acima da média do segmento e suficientemente perto da elite para que grande parte dos utilizadores nunca sinta falta do que os topos de gama oferecem.




A câmara de 5x é a característica mais distintiva do sistema fotográfico do Xiaomi 15T Pro, que tem a assinatura Leica
DR

Performance e fluidez suficiente para tudo

Com um processador de topo da Mediatek, o 15T Pro lida sem esforço com jogos pesados, edições rápidas de vídeo e multitarefa intensa. Pode aquecer em sessões prolongadas, mas sem afectar a performance. A abertura de apps é imediata, não há engasgos e, ao longo de uma semana de uso intensivo, não surgiram sinais de degradação.

Para quem não passa horas a editar vídeo 4K ou a jogar de forma competitiva, o 15T Pro oferece mais potência do que a maioria alguma vez precisará — e, mesmo nos cenários extremos, mantém a postura de um verdadeiro flagship.

A bateria de 5500 mAh coloca o 15T Pro num patamar confortável. Em utilização moderada, chega aos dois dias. Em uso intenso, aguenta um dia e meio sem grandes compromissos.

O carregamento rápido de 90 W é extremamente conveniente — cerca de meia hora chega para atingir quase 80%. O carregamento sem fios a 50 W acrescenta ainda mais comodidade, sobretudo à mesa-de-cabeceira.

A autonomia é, no conjunto, um dos aspectos mais fortes deste modelo.

HyperOS está a ganhar maturidade

O HyperOS tornou-se uma das peças mais diferenciadoras da Xiaomi, e no 15T Pro nota-se uma clara evolução. A interface está mais limpa, mais fluida e mais coerente. A navegação é simples, os menus são lógicos e a sensação de rapidez mantém-se mesmo com várias aplicações abertas.

A principal novidade é a HyperIsland, uma área dinâmica em redor da câmara frontal, inspirada — de forma relativamente transparente — na solução da Apple. Mostra controlos rápidos, notificações em tempo real e pequenos widgets contextuais. Quando expandida, permite interagir com estas funções sem sair da aplicação em uso, reduzindo interrupções.

A HyperAI acrescenta ferramentas úteis: assistente de escrita, transcrição de áudio para texto com boa precisão e uma pesquisa inteligente capaz de encontrar ficheiros, apps ou fotografias com base no conteúdo das imagens. A galeria reconhece automaticamente cenas e objectos, ajudando a organizar milhares de fotos.

É um software que aposta numa inteligência artificial discreta, orientada para simplificar tarefas e reduzir passos, sem impor fluxos artificiais ou interferências excessivas. Não é tão minimalista como o Android puro, nem tão rígido como o iOS, mas encontra um equilíbrio interessante entre personalização e simplicidade.

Pela negativa, a Xiaomi continua a ter algum “bloatware” (aplicações pré-instaladas desnecessárias), nomeadamente apps e a apresentar uma política de actualizações que, embora boa (quatro anos para o sistema operativo), ainda fica atrás do que Google e Samsung oferecem.

Faz quase tudo como um topo de gama

Pixel 10 Pro, iPhone 17 Pro e Oppo Find X9 Pro continuam a oferecer pequenas vantagens que justificam — para alguns — o investimento extra: consistência fotográfica absoluta, vídeo profissional, ecossistemas mais maduros, alguns detalhes de software. Mas é igualmente evidente o quão perto o Xiaomi 15T Pro chega, por um preço muito inferior.

O design é premium, o ecrã é excelente, o desempenho está ao nível dos melhores, a autonomia é generosa e o sistema de câmaras é verdadeiramente competitivo. Em grande parte dos cenários, a experiência de utilização é praticamente indistinguível da dos equipamentos mais caros.

Veredicto

O Xiaomi 15T Pro merece ser levado muito a sério. Não é perfeito — nenhum é —, mas, por 800 euros, oferece uma experiência surpreendentemente próxima da dos melhores smartphones do mercado. Para quem procura um equipamento versátil, rápido, com boa autonomia e câmaras muito competentes, este é um dos modelos mais completos e equilibrados do momento.

Se valoriza zoom óptico, fotografia versátil, autonomia sólida e desempenho consistente, o 15T Pro é uma excelente compra. Se vive da fotografia ou do vídeo profissional e precisa do máximo rigor entre sensores, continua a justificar-se o investimento nos topos de gama clássicos.

Para quase todos os outros, este Xiaomi é um verdadeiro rival dos flagships — e um dos smartphones com melhor relação entre preço e experiência real de utilização que já testámos. Não vimos ainda outro modelo abaixo dos 900, ou mesmo 1000 euros, tão convincente quanto este 15T Pro.


Tipo

Smartphone

Ecrã

6,83 polegadas, 1280×2772 píxeis, 144 Hz, AMOLED

Sistema operativo

HyperOS 3 (baseado em Android 16)

Processador

MediaTek Dimensity 9400+ (3 nanómetros), oito núcleos

Memória e armazenamento

12 GB de RAM, 512 GB ou 1 TB de armazenamento

Câmaras

Traseiras: 50 MP (grande angular), 50 MP (teleobjectiva, zoom 5x), 12 MP (ultra grande angular)

Selfie: 32 MP

Bateria

Capacidade: 5500 mAh

Carregamento: 90 watts (com fios), 50 watts (sem fios)

Conectividade

Wi-Fi 7, Bluetooth 6.0, USB-C, NFC, 5G

Dimensões e peso

162,7×77,9x8mm, 210 gramas

Testes

PCMark —
performance: 15917 (muito bom); bateria: 18h45 (muito bom)

Geekbench —  CPU Single/Multi: 2641/8231 (muito bom); GPU (gráficos): 21722 (muito  bom)

Preço

Desde 799,99 euros