“Começamos sempre no início por 600 euros de base, ‘full time’ e vai aumentando, mas há certos casos em que demora a subir de escalão, as pessoas reclamam, não há respostas, depois manda-se emails, vem-se aqui pessoalmente, mas não resolvem. Queremos mudar isso, estamos um bocado saturados de receber sempre o mesmo”, disse aos jornalistas um trabalhador que preferiu não se identificar, que está há cinco anos na empresa e tem um vencimento base de 845 euros, ou seja, 25 euros abaixo do salário mínimo nacional.
Já Nelson Bernardo, delegado do SIMA, adiantou que o subsídio para andar exposto às condições meteorológicas é de 27,5 euros mensais, lamentando ainda a falta de estacionamento para os trabalhadores e a inexistência de cacifos para guardar uma muda de roupa limpa. “Esta é a parte triste da aviação, estamos habituados a ver o ‘glamour’ e o sonho dos aviões, mas quanto ao que se passa no chão é esta a realidade em Portugal”, lamentou.
Que serviços mínimos estão previstos?
O Tribunal Arbitral definiu serviços mínimos de assistência em escala a “todos os voos impostos por situações críticas relativas à segurança de pessoa e bens, incluindo voos-ambulância, movimentos de emergência entendidas como situações declaradas de voo, designadamente por razões de ordem técnica ou meteorológica e outras que, pela sua natureza, torne absolutamente inadiável a assistência ao voo”.
Estão ainda incluídos nos serviços mínimos todos os voos militares, todos os voos de Estado, nacional ou estrangeiro, todos os voos que no momento do início da greve já se encontravam em curso e cujo destino sejam aeroportos nacionais assistidos pela SPdH, e todos os voos da TAP de regresso a Lisboa que se encontrem em ‘night-stop’ em escala europeia.
Devem ainda ser garantidas uma ligação entre Lisboa e Ponta Delgada (Açores), Lisboa e Terceira (Açores) e Lisboa e Funchal (Madeira), bem como entre o Porto e a Madeira e o Porto e Ponta Delgada.
Como está a correr a adesão à greve?
Várias dezenas de trabalhadores da SPdH/Menzies concentraram-se esta sexta-feira em frente às instalações da empresa de serviços de assistência em escala nos aeroportos, em Lisboa.
A meio da manhã o ambiente nas zonas da chegadas e das partidas no aeroporto de Lisboa era semelhante ao de um dia de operação normal, mas os quadros com as indicações dos voos assinalavam vários atrasos superiores a uma hora e poucos voos cancelados.
Até às 19 horas, a greve já provocou o cancelamento de 19 voos – nove chegadas e dez partidas – no Aeroporto Humberto Delgado, em Lisboa, segundo dados da ANA – Aeroportos de Portugal enviados à Lusa.
Também à Lusa, Carlos Araújo, dirigente do Sindicato das Indústrias Metalúrgicas e Afins (SIMA), avançou que, até às 15:00, pelo menos 25 voos tinham partido apenas com passageiros, sem bagagem nem carga.
“Eu acredito que em alguns casos esteja a ser um caos absoluto, uma vez que têm deixado entrar os passageiros com a bagagem para tentar contornar a situação”.
O SIMA representa cerca de 4% dos aproximadamente 3.600 trabalhadores da Menzies, e, segundo o dirigente sindical, cerca de 80% dos associados aderiram à paralisação, a que se juntaram também trabalhadores de outros sindicatos.
*Com Lusa