Com a ajuda já habitual da aproximação dos meses do Verão, o número de empregos continuou, durante o segundo trimestre deste ano, a aumentar em Portugal, voltando a bater os máximos históricos, com a taxa de desemprego a cair para 5,9%.
Os dados trimestrais do inquérito do emprego divulgados nesta quarta-feira pelo Instituto Nacional de Estatística não são corrigidos do efeito da sazonalidade e, por isso, como tem sido hábito todos os anos, já era esperada uma melhoria dos indicadores do emprego e do desemprego no segundo trimestre, aquele em que os chamados “empregos de Verão”, temporários e relacionados com o sector do turismo e da restauração, voltam a aparecer nas estatísticas.
Mais uma vez, no segundo trimestre deste ano, o fenómeno voltou a acontecer, acentuando uma tendência que era já de si positiva no mercado de trabalho português.
De acordo com o INE, a taxa de desemprego em Portugal caiu de 6,6% no primeiro trimestre do ano para 5,9% no segundo. Este valor representa ainda uma descida de 0,2 pontos percentuais face ao mesmo período do ano passado, revelando que existe uma ligeira melhoria do indicador que vai além dos efeitos sazonais. É também o nível mais baixo de desemprego registado desde o terceiro trimestre de 2022.
No que diz respeito ao número de empregos, a tendência positiva que se tem vindo a registar ao longo da última década manteve-se. Entre o primeiro e o segundo trimestre do ano foram criados mais 66,9 mil empregos, estima o INE, assistindo-se a um acréscimo de 148,4 mil postos de trabalho face a igual período do ano passado.
Com este resultado, Portugal volta a bater novos máximos no que diz respeito ao número de pessoas empregadas, que passou agora a superar os 5,2 milhões.
O crescimento do emprego foi, em cadeia, de 1,3% e, em termos homólogos, de 2,9% no segundo trimestre deste ano, o que significa que o mercado de trabalho está a ter um desempenho mais forte do que o apresentado pelo PIB, que, de acordo com os dados publicados pelo INE no ano passado, cresceu 0,6% em cadeia e de 1,9% face ao mesmo período do ano passado.
Alojamento e restauração destacam-se
O efeito dos empregos temporários de Verão nos resultados do segundo trimestre é evidente quando se observa a forma como evoluíram os vários tipos de emprego face ao primeiro trimestre do ano.
Em termos geográficos, a maior variação trimestral em cadeia deu-se no Algarve, com um crescimento de 4,9%, que compara com a média nacional de 1,3% e com os 1,2% de Lisboa e os 0,3% do Norte, por exemplo.
A variação do emprego do primeiro para o segundo trimestre também aconteceu essencialmente em trabalhos com contrato com termo, que aumentaram 6,5%, enquanto os contratos sem termo cresceram 0,8%.
De igual modo, por área de actividade, os serviços destacaram-se, com um crescimento do emprego face ao primeiro trimestre de 1,9%, que compara com os 1,7% da agricultura e pescas e com o decréscimo de 0,6% registado na indústria.
Dentro dos serviços, foi nas actividades financeiras e de seguros que se registou o maior crescimento do emprego entre o primeiro e o segundo trimestre, de 13,7%, mas logo a seguir surgem duas actividades relacionadas com turismo: os transportes, com 6,9%, e o alojamento e restauração, com 6,7%.
Quando a comparação é feita com o período homólogo do ano anterior, retirando assim da análise os efeitos sazonais criados pela chegada do Verão, algumas coisas mudam, mas outras mantêm-se.
O que muda é que o emprego criado passa a ser claramente através de um incremento dos contratos sem termo, que no segundo trimestre aumentaram 3% face ao mesmo período do ano passado. Os contratos com termo apresentam uma tendência anual de redução, de 2,7%.
O que não muda é a importância dos serviços, e em particular do alojamento e da restauração, que viu o número de empregos face ao mesmo período do ano passado aumentar 9,4%, o valor mais alto entre todos os sectores de actividade.
No que diz respeito ao nível de escolaridade das pessoas empregadas, manteve-se a tendência de longo prazo de crescimento do emprego entre aqueles que possuem ou o ensino secundário completo (aumento de 7,8% em termos homólogos) ou que concluíram o ensino superior (aumento de 6,1%), em contraponto com a diminuição do número de trabalhadores com um nível de escolaridade até ao ensino básico (redução de 5%).