Evento de premiação ocorreu no Teatro Sérgio Cardoso, em São Paulo, e teve 26 vencedores
Vencedores do Prêmio Jabuti Acadêmico 2025 | © Divulgação
Os vencedores do Prêmio Jabuti Acadêmico 2025, organizado pela Câmara Brasileira do Livro (CBL), fora anunciados na noite desta terça-feira (5), em São Paulo. Iniciada em 2024, a premiação tem como objetivo eleger destaques editoriais científicos. Além da estatueta do Jabuti Acadêmico, os autores recebem um prêmio no valor de R$ 5 mil. As editoras das obras premiadas também ganham a tradicional estatueta.
O evento foi realizado no Teatro Sérgio Cardoso, no bairro do Bixiga. A cerimônia começou com uma performance do Coral Jovem Heliópolis, do Instituto Bacarelli – que retornou ao palco para outros três arranjos de músicas populares brasileiras — e teve 26 vencedores no palco do Sérgio Cardoso, entre os eixos de Ciência e Cultura e Prêmios Especiais. A solenidade homenageou o cientista social e sociólogo José de Souza Martins. O livro Metodologia do trabalho científico (Cortez), de Antônio Joaquim Severino, foi anunciado como livro acadêmico clássico do Jabuti Acadêmico 2025. A obra teve sua primeira edição em 1975, é referência no ensino de metodologia científica e está em sua 24ª edição, revisada e ampliada, com uma tiragem acumulada de 386 mil exemplares.
A presidente da CBL, Sevani Matos, ressaltou a relevância e o crescimento da premiação: “A cada edição, o Jabuti Acadêmico reafirma seu compromisso com a valorização da produção científica no Brasil. Nesta segunda edição, recebemos mais de 2 mil inscrições, o que demonstra a força e a diversidade da literatura acadêmica nacional. Reconhecer essas obras é incentivar a pesquisa, a ciência e a cultura como pilares para o desenvolvimento do nosso país.”
O curador Marcelo Knobel anunciou que este foi seu último ano — por enquanto — como curador do prêmio, em razão de outros trabalhos realizados no exterior. Ele também foi o curador do prêmio em 2024 e, desde dezembro, ocupa o prestigiado cargo de Diretor Executivo da Academia Mundial de Ciências (TWAS). “Estamos orgulhosos com a consolidação do Jabuti Acadêmico, que, mesmo em sua segunda edição, já se destaca pela qualidade e pela importância do que propõe. Parabenizamos os finalistas, que se destacaram em suas áreas com obras relevantes. Agradeço ao conselho curador e aos 78 jurados que atuaram com dedicação para selecionar as obras vencedoras”, disse o curador.
Um dos momentos de maior movimentação na plateia aconteceu quando Vahan Agopyan, que já foi reitor da Universidade de São Paulo entre 2018 e 2022, usou sua breve fala como representante oficial do governador do estado de São Paulo, Tarcísio de Freitas, na cerimônia, justificando a ausência do político e seu desejo de participar da cerimônia. Atualmente, Agopyan exerce o cargo de secretário estadual da Ciência, Tecnologia e Inovação do Estado de São Paulo.
Marcelo Knlobel, curador do Prêmio Jabuti Acadêmico| © Beatriz Sardinha
Entre as novidades para a segunda edição, foi adicionada a categoria de Tradução, que foi vencida pelo título Da alma do mundo: uma hipótese da Física Superior para esclarecimento do organismo universal (Edusp), no último anúncio da noite. Houve também a adoção de um sistema de habilitação de categorias (ou seja, pelo menos 20 obras devem concorrer entre si), e a proibição do uso de inteligência artificial na elaboração dos textos. O mestre de cerimônias foi o neurocientista, médico e comunicador Dr. Fernando Gomes.
Antônio Joaquim Severino | © Beatriz Sardinha
Homenageado da noite, José de Souza Martins também usou da palavra. O autor de mais de 40 livros falou de sua trajetória familiar e operária: “minha vó cantava para os netos os livros que sabia de cor (…). Tudo que sou como pessoa, cientista e autor, devo aos livros”, disse. O cientista social já recebeu três Prêmios Jabuti na categoria Ciências Humanas com os livros Subúrbio (1993), A Chegada do Estranho (1994) e A Aparição do Demônio na Fábrica (2009).
O ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes foi bastante aplaudido quando seu nome foi anunciado no telão. O jurista concorreu na categoria de Direito, que laureou outro livro: Antropologia e estudos sociojurídicos: a construção de um campo de pesquisa interdisciplinar, de Orlando Villas Bôas Filho, editora Mandaçaia.
A editora mais premiada da noite foi a Companhia das Letras, com três estuetas, seguida da Edusp, com duas. A editora mais presente entre as finalistas foi a Dialética, em oito categorias. As categorias de Ciência da Computação e Geografia e Geociências tiveram obras independentes como vencedoras.
Confira os vencedores de cada categoria:
Eixo: Ciência e Cultura
- Administração Pública e de Empresas, Ciências Contábeis e Turismo: Inovação e desenvolvimento sustentável: da inovação convencional à ecoinovação sustentável (Blucher), de José Carlos Barbieri
- Antropologia, Sociologia, Demografia, Ciência Política e Relações Internacionais: Uma enciclopédia nos trópicos: memórias de um socioambientalista (Zahar), de Beto Ricardo e Ricardo Arnt
- Arquitetura, Urbanismo, Design e Planejamento Urbano e Regional: O desenho de São Paulo por seus caminhos (Cultura Acadêmica, KPMO Cultura e Arte), de Andreina Nigriello
- Artes: Teatros e artistas com deficiência visual, (Editora da Universidade Estadual de Campinas), de Lucas de Almeida Pinheiro
- Ciência da Computação: A Máquina da natureza: uma perspectiva cronológica da ciência da computação teórica (Obra Independente), de André L. Vignatti
- Ciência de Alimentos e Nutrição: Nutrição inclusiva: diversidade e inclusão em alimentação e nutrição (Manole), de Aline Alves Ferreira, Thaís Lima Dias Borges, Ursula Viana Bagni (Organizadoras)
- Ciências Agrárias e Ciências Ambientais: Agricultura de precisão: Um novo olhar na era digital (Cubo), de Alberto Carlos de Campos Bernardi, Carlos Manoel Pedro Vaz, João Leonardo Fernandes Pires, Luciano Gebler, Lucio André de Castro Jorge, Luis Henrique Bassoi, Ricardo Yassushi Inamasu
- Ciências Biológicas, Biodiversidade e Biotecnologia: Espécies de aves do Rio Cubate: Terra Indígena do Alto Rio Negro (INPA), de Camila Cherem Ribas, Damiel Legario Pedro, Dario Baniwa, Dzoodzo Baniwa, Estevão Fontes Olímpio, Fernando Mendonça d’Horta, Gracilene Florentino Bittencourt, Ramiro Dário Melinski (Organizadores)
- Ciências da Religião e Teologia: A salvação da pátria amada: religião e extrema-direita no Brasil (Paulus), de José Décio Passos, Wagner Lopes Sanchez (Organizadores)
- Comunicação e Informação: Repórter Eros: a história do jornalismo erótico brasileiro (Cepe), de Valmir Costa
- Direito: Antropologia e estudos sociojurídicos: a construção de um campo de pesquisa interdisciplinar (Mandaçaia), de Orlando Villas Bôas Filho
- Economia: Iguais e diferentes: uma jornada pela economia feminista (Zahar), de Regina Madalozzo
- Educação e Ensino: Avaliação educacional: de aprendizagem, institucional, em larga escala (Contexto), de Sandra Zákia Sousa, Valéria Virgínia Lopes
- Educação Física, Fisioterapia, Fonoaudiologia e Terapia Ocupacional: Propósito de vida da pessoa idosa: conceitos, abordagens e propostas de intervenções gerontológicas (Summus Editorial), de Cristina Cristóvão Ribeiro (Organizadora)
- Enfermagem, Farmácia, Saúde Coletiva e Serviço Social: Epidemiologia no Pós-Pandemia: de ciência tímida a ciência emergente (Fiocruz), de Naomar de Almeida Filho
- Engenharias: Energia do lixo: tecnologias de recuperação energética dos resíduos sólidos urbanos (UFABC), de Antonio Garrido Gallego, Gilberto Martins, Giovano Candiani, Reynaldo Palacios Bereche, Silvia Azucena Nebra (Organizadores)
- Filosofia: Gatos, peixes e elefantes: a gramática dos acordos profundos (Aretê), de João Carlos Salles
- Geografia e Geociências: Água subterrânea, história da Terra e consciência ambiental: metas do Programa Aquífero Guarani (Obra independente), de Andrea Bartorelli “em memória”, Berenice Balsalobre, Celso Dal Ré Carneiro, Didier Gastmans, Joseli Maria Piranha, Luciana Cordeiro de Souza Fernandes, Luiz Eduardo Anelli, Renatta Christina da Costa Lemos Vilela, Sueli Yoshinaga Pereira, Valter Galdiano Gonçales, Virginio Mantesso-Netto
- História e Arqueologia: Imagens da branquitude: a presença da ausência (Companhia das Letras), de Lilia Moritz Schwarcz
- Letras, Linguística e Estudos Literários: Modernismo negro (Segundo Selo), de Jorge Augusto
- Matemática, Probabilidade e Estatística: A teoria dos conjuntos e os fundamentos da Matemática (Edusp), de Rogério Augusto dos Santos Fajardo
- Medicina: Medicina excessiva: suas causas e seus impactos (Labrador), de Guilherme Santiago
- Psicologia e Psicanálise: Hélio Pellegrino: por uma Psicanálise política (Appris), de Larissa Leão de Castro
Eixo: Prêmios Especiais
- Divulgação Científica: Existo, logo penso: histórias de um cérebro inquieto (Instituto Ciência Hoje), de Roberto Lent
- Ilustração: História da ciência ilustrada Vol. 1 (LF Editorial), ilustrado por Willian Souza dos Santos
- Tradução: Da alma do mundo: uma hipótese da Física Superior para esclarecimento do organismo universal (Edusp), traduzido por Márcia Cristina Ferreira Gonçalves
Confira como foi a cerimônia do Prêmio Jabuti Acadêmico na íntegra: