Realizada entre 15 de setembro e 15 de outubro, mas só revelada agora, a nona edição da operação resultou na recuperação de 6 660 aves, 2 040 tartarugas e 1 150 répteis, números impulsionados sobretudo pela crescente procura por animais de estimação exóticos.

Além disso, segundo a Convenção sobre o Comércio Internacional de Espécies Ameaçadas de Fauna e Flora (CITES), foram também recuperadas plantas protegidas, milhares de metros cúbicos de madeira explorada ilegalmente e 30 toneladas de espécimes de fauna e flora ameaçadas.
A maioria do tráfico de vida selvagem envolve restos, partes e derivados de animais utilizados na medicina tradicional e em alimentos, tendo a operação revelado um aumento do comércio de carne de animais selvagens. A nível global, as autoridades apreenderam também um volume recorde de 5,8 toneladas de carne de animais selvagens, com um alerta específico para o aumento do transporte ilegal entre África e Europa.

Tráfico global
No Quénia foram intercetados 400 quilos de carne de girafa. Já no Brasil, uma investigação levou ao desmantelamento de uma rede de tráfico, resultando na identificação de 145 suspeitos e no resgate de mais de 200 animais selvagens. Nessa mesma operação, as autoridades impuseram medidas severas contra uma rede internacional dedicada ao tráfico de mico-leão-dourado, pequenos primatas conhecidos pelo pelo brilhante de tonalidade dourada, que lembra a juba de um leão.
Em outro caso, citado pelo jornal espanhol “El País”, as autoridades mexicanas apreenderam sete animais, incluindo dois tigres, no estado de Sinaloa, juntamente com componentes de armas de fogo associadas a redes de crime organizado.
Já na República Dominicana, 90 pessoas foram detidas por crimes relacionados com o abate ilegal de árvores e, na Tanzânia, foram apreendidas mais de 100 presas e peças de marfim, avaliadas em 415 mil dólares (cerca de 355 mil euros), além de 140 dentes de hipopótamo avaliados em 40 mil dólares (cerca de 35 mil euros). No Catar, um homem foi preso ao tentar vender um primata em risco de extinção por 14 mil dólares (11 mil euros) através das redes sociais.

Segundo o secretário-geral da Interpol, o brasileiro Valdecy Urquiza, citado pela “EuroNews”, esta operação revela a sofisticação das redes criminosas que alimentam o comércio ilegal de vida selvagem, alertando que estas estruturas estão cada vez mais interligadas com outras formas de crime, incluindo o tráfico de drogas e a exploração humana.
Impactos para o planeta
O tráfico de animais não se limita às espécies de maior porte. Durante a operação, foram apreendidas perto de 10 500 borboletas, aranhas e outros insetos, muitos deles pertencentes a espécies protegidas.
A Interpol sublinha que, apesar do tamanho reduzido, estes organismos desempenham funções ecológicas vitais e a sua remoção do habitat natural pode destabilizar cadeias alimentares, facilitar a introdução de espécies invasoras e contribuir para a propagação de doenças.