PH1 Doolittle, USN / Wikimedia

“Gigantesca” na sua dimensão e na qualidade da descoberta. Estrutura pode explicar por que razão as ilhas Bermudas parecem flutuar acima do oceano circundante.

O mais recente mistério do Atlântico Norte encontra-se por baixo do enigmático Triângulo das Bermudas.

Num estudo publicado recentemente no Geophysical Research Letters, os investigadores revelaram uma estranha camada de rocha com 20 quilómetros abaixo da crosta oceânica sob as ilhas Bermudas.

Como salientam os geólogos, um nível de espessura como este nunca foi observado em nenhuma outra camada semelhante em todo o mundo.

“Normalmente, temos o fundo da crosta oceânica e, depois disso, seria de esperar que estivesse o manto. Porém, nas Bermudas existe esta outra camada que está implantada sob a crosta, dentro da placa tectónica sobre a qual assentam”, explicou o autor principal do estudo, William Frazer, sismólogo da Carnegie Science, em Washington D.C, à Live Science.

Embora a origem desta camada não seja totalmente clara, poderá explicar um mistério persistente sobre as Bermudas, acrescentou Frazer.

Uma região especial e misteriosa

As ilhas Bermudas assentam sobre uma elevação oceânica, onde a crosta oceânica é mais elevada do que as áreas circundantes. Mas não há qualquer evidência de atividade vulcânica em curso que esteja a criar essa elevação — a última erupção vulcânica conhecida da ilha ocorreu há 31 milhões de anos.

A descoberta da nova estrutura gigante sugere que a última erupção poderá ter injetado rocha do manto na crosta, onde esta solidificou no lugar, criando algo semelhante a uma jangada que eleva o fundo do oceano em cerca 500 metros.

As Bermudas têm, há muito, uma reputação de mistério, nomeadamente sobre a razão pela qual existe a elevação oceânica das Bermudas. Cadeias de ilhas como o Havai pensa-se que existam devido a pontos quentes do manto, que são locais no manto onde material quente ascende, criando atividade vulcânica.

Como detalha a Live Science, o novo estudo utilizou registos de uma estação sísmica nas Bermudas de grandes sismos distantes ocorridos em todo o mundo para obter uma imagem da Terra até cerca de 50 quilómetros abaixo das Bermudas. Examinou locais onde as ondas sísmicas desses sismos mudavam subitamente. Isto revelou a camada de rocha invulgarmente espessa, que é menos densa do que a rocha circundante.

“Ainda existe este material que sobrou dos tempos de vulcanismo ativo sob as Bermudas e que está potencialmente a ajudar a mantê-las elevadas como esta área de grande relevo no Oceano Atlântico”, disse à Live Science Sarah Mazza, geóloga do Smith College, em Massachusetts, que não fez parte do estudo.

A equipa de Frazer está a examinar outras ilhas em todo o mundo para determinar se existem camadas semelhantes à encontrada sob as Bermudas, ou se o arquipélago é verdadeiramente único.


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