Embora o Pearl Jam seja catalogado como banda de grunge, sempre existiu um elo forte entre o grupo e o rock clássico. Muito disso vem da guitarra de Mike McCready, cuja sonoridade remete diretamente ao final dos anos 1960 e início dos 1970. É uma escola moldada por nomes como Jimi Hendrix, Keith Richards e Pete Townshend, mas, curiosamente, não foi nenhum desses gigantes que levou McCready a começar a tocar música. A grande responsável foi uma banda de Nova York conhecida por maquiagens, pirotecnia e marketing agressivo: o Kiss.
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Foto: Danny Clinch – Universal Music
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Em entrevista concedida à Rolling Stone em 2014 (via Far Out), McCready lembrou que a banda de Paul Stanley e Gene Simmons representou para ele aquilo que os Beatles significaram para gerações anteriores. Como explicou o guitarrista: “Eles eram os Beatles para mim. São a razão pela qual comecei a tocar música”. O ponto de comparação pode surpreender, mas faz sentido quando se observa o impacto visual e emocional que o Kiss tinha sobre crianças e adolescentes nos anos 1970 – algo semelhante à onda avassaladora da Beatlemania.
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McCready recorda com carinho o exato momento em que descobriu o grupo. Ele estava no sexto ano, dentro de um ônibus escolar, quando viu um colega com uma lancheira estampada com as quatro figuras mascaradas. Depois de ouvir algumas músicas, ficou obcecado imediatamente. Criou um “quarto do Kiss”, adotou Peter Criss como referência e até se fantasiou como o baterista no Halloween de 1976. “Eles eram maiores do que a vida, com essa coisa intangível em que eu basicamente penso o tempo todo”, descreveu.
O guitarrista também mencionou como tocar ao lado de Ace Frehley anos depois, no Madison Square Garden, foi um marco pessoal que jamais imaginava alcançar. “Quando eu tinha 13 anos, nunca pensei que um dia sequer conversaria com ele. Eu provavelmente desmaiaria. E lá estava eu tocando com ele!”. É a consagração de um sonho infantil transformado em realidade no palco da banda que McCready ajudou a levar ao sucesso mundial.
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Além do impacto pessoal, McCready destacou que o Kiss também exerceu influência importante – e pouco debatida – sobre a cena de Seattle. Segundo ele, “há um fio condutor do Kiss em muita música que saiu de Seattle, e isso não foi muito discutido”. O Pearl Jam, inclusive, chegou a tocar “C’mon and Love Me” em seus primeiros anos, e Matt Cameron fez parte de um grupo cover da banda quando ainda era adolescente, popular o suficiente para receber uma notificação de cessar e desistir da Casablanca Records.
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