Assim, e apesar de a estratégia de campanha ainda não estar fechada, há uma motivação acrescida para que André Ventura se faça à estrada ao estilo de legislativas, pelo país todo, com foco, segundo o secretário-geral Pedro Pinto, “certamente em municípios onde o Chega tenha mais hipótese de ganhar” — sendo a presença do presidente do partido é sempre o trunfo mais forte em qualquer eleição.

Há quatro anos, o Chega conquistou 19 vereadores, 173 deputados municipais e pouco mais de 200 mandatos de freguesia, e que, nessa altura, André Ventura era deputado único na Assembleia da República, eleito com 1,29% dos votos. Agora, o Chega é o segundo partido na Assembleia da República, com 60 deputados e 22,76% dos votos.

Pedro Pinto, secretário-geral do Chega com a pasta das autárquicas e também candidato a Faro, reconhece que é “perfeitamente normal” que a “aposta seja maior” nos municípios em que o partido venceu nas últimas legislativas, até por crença de que existe um “eleitorado fiel” ao Chega e que isso pode não mudar nas legislativas.

As expectativas, aliás, são enormes. Basta olhar para o que parece estar a acontecer em Lisboa. De acordo com a última sondagem publicada pelo semanário Expresso, o candidato do partido, Bruno Mascarenhas, perfeito desconhecido para a generalidade das pessoas (é, atualmente, apenas deputado municipal), surge com 14% nas intenções de voto, quando o partido de Ventura teve 14,53% neste concelho nas eleições legislativas. O que significa que a marca “Chega” está a conseguir viver para lá de Ventura. Ora, se os eleitores se comportarem assim um pouco por todo o país, as hipóteses do partido aumentam exponencialmente.

De todo o modo, as contas do Chega são relativamente simples: “Partimos de uma situação confortável porque não temos nenhuma câmara; qualquer uma é lucro”, nota Pedro Pinto, reconhecendo que ganhar uma Câmara já permitiria ao partido subir um patamar a nível autárquico e que a conquista de cinco, por exemplo, seria um “sucesso”.