O presidente executivo da Administração dos Portos do Douro, Leixões e Viana do Castelo (APDL) anunciou hoje a expansão do porto de mar da capital do Alto Minho para responder às metas de descarbonização do setor naval até 20250.



João Neves, que discursava na apresentação pública do Roteiro Naval Carbono Zero (RNCZ) para o setor da Construção, Reparação e Manutenção Naval (CRMN), nas instalações do porto de Viana do Castelo, que a expansão visa “acompanhar a tendência e as necessidades do setor”.

“Neste momento, temos em avaliação de impacto ambiental um estudo de ampliação do porto de Viana do Castelo que visa, no fundo, criar condições para que a indústria, naval ou relacionada com a área naval, conte com a produção de energias renováveis a partir do vento e, a partir do mar ter condições para poder desenvolver a sua atividade”. 

Segundo João Neves, este plano pretende colocar “dentro do porto as indústrias que nele se queiram sediar e que dele precisam para receber as suas matérias-primas ou para exportar os seus produtos”, apontando como um dos exemplos a CorPower Ocean, instalada no porto e que está “a tentar encontrar inovação, encontrar novas fórmulas de produzir energia renovável mais sustentável”.

“Esperamos nos próximos anos ver um crescimento importante no porto de Viana no sentido de dar condições a toda esta indústria para se poder desenvolver” reforçou.

O presidente executivo da APDL referiu o simbolismo da apresentação do RNCZ em Viana do Castelo, cidade “com uma longa tradição no que diz respeito à construção naval”.

“Temos aqui um dos maiores estaleiros navais do país, um dos pilares desta atividade, que são os estaleiros navais da WestSea, que está neste momento a ampliar as suas instalações, o que demonstra bem o quanto esta atividade tem crescido e tem suscitado interesse a nível nacional. Também vemos isso acontecer em Setúbal, com a probabilidade de reaparecimento da Lisnave, que vai de certeza ser uma peça importante neste setor, num futuro breve”, referiu.

Para o responsável, o roteiro, desenvolvido pela Fórum Oceano e pela Confederação Empresarial do Alto Minho (Ceval) “mostra que há uma visão clara sobre o que é necessário fazer até 2050”, baseada “numa redução significativa de emissões que assente em eletrificação, eficiência, combustíveis alternativos, digitalização e novas competências”, apontou. 

Mais importante ainda, referiu João Neves, é que “existe vontade de o fazer, vontade de o modernizar, de apostar em novas tecnologias, de codificar processos, de criar valor e afirmar a construção naval portuguesa no panorama internacional”.

“Mas ainda há muito para fazer. Na APDL acompanhamos regularmente as encomendas de novos navios e ficámos surpreendidos de ver que continuam a ser fabricados, semanalmente, navios enormes para transportar crude. Apesar de haver todo este ciclo de descarbonização e todo este empenho em combustíveis alternativos, a atividade do petróleo está aí para ficar para os próximos anos” (…) Há um caminho longo para se percorrer e estes são os primeiros passos que estamos todos a dar no sentido de criar estas condições para que o mundo fique cada vez melhor”. 

João Neves reforçou que a APDL “acredita” que “a descarbonização não é apenas um desafio, mas uma oportunidade estratégica” e que o porto de Viana do Castelo tem condições únicas para ser uma parte ativa nessa transformação, justamente por acolher infraestruturas que já demonstram capacidade para inovar e assim adaptarem-se aos requisitos do futuro. 

“Este roteiro para a indústria naval é um passo decisivo porque oferece uma ferramenta concreta, estruturada e orientada para resultados. Nós às vezes costumamos dizer que é melhor ter um mau plano do que não ter plano nenhum”, realçou.