Nos últimos 70 anos, ossos fossilizados do que se acreditava tratar de um mamute-lanoso ficaram guardados no Museu do Norte da Universidade do Alasca. Porém, recentemente, pesquisadores decidiram enviar uma amostra para datação por radiocarbono, e o resultado foi surpreendente.
Os testes indicaram uma idade entre 1.900 e 2.700 anos, cerca de 10.000 anos mais recente do que quaisquer outros restos de mamute já encontrados no Alasca continental. Com isso, outras análises foram realizadas e os pesquisadores identificaram que as ossadas não eram de mamute, mas sim de duas espécies diferentes de baleias.
Identificação revisada
Em um estudo publicado em 8 de dezembro no Journal of Quaternary Science, os pesquisadores descreveram a confusão e toda a jornada que os levou a descobrir a verdade sobre os restos. Além disso, eles também revelaram as espécies identificadas, a baleia-franca-do-pacífico-norte e a baleia-minke.
De acordo com informações repercutidas pela revista Smithsonian, os ossos, um par de placas de crescimento, foram descobertos no início da década de 1950 pelo naturalista Otto Geist.
Contexto do achado
Encontrados a cerca de 16 quilômetros ao norte de Fairbanks, perto de Dome Creek, no Alasca, os restos vieram de uma área que já havia revelado dezenas de outros fósseis de megafauna, incluindo mamutes, bisontes e cavalos que datam do Pleistoceno Superior.
Desde 2022, a equipe do museu passou a analisar individualmente os fósseis de mamute-lanoso do acervo com testes de radiocarbono. A iniciativa integra o projeto “Adote um Mamute”, criado para identificar o exemplar mais recente já registrado.
Análises científicas
O trabalho também busca contribuir para a reconstrução da história antiga do Alasca, ao indicar em quais períodos e regiões esses animais viveram e se houve, eventualmente, contato com populações humanas. Nesse contexto, durante o desenvolvimento do projeto, os pesquisadores voltaram a atenção para dois espécimes da coleção, identificados como UAMN3760 e UAMN3724, coletados por Geist. Amostras dos ossos foram enviadas à Universidade da Califórnia, em Irvine, para análises por radiocarbono, e os resultados chamaram a atenção da equipe.
As análises indicaram que os restos datavam de cerca de 675 a.C. e 125 d.C., um período muito mais recente do que o esperado para mamutes, cuja extinção ocorreu há aproximadamente 10 mil anos. Além disso, exames de carbono e nitrogênio sugeriram uma dieta incompatível com a da espécie, levantando dúvidas sobre a identificação original dos fósseis.
Diante dessas evidências, os pesquisadores realizaram testes de DNA e concluíram que os ossos não pertenciam a mamutes, mas a duas espécies diferentes de baleias. Segundo o estudo, a explicação mais provável é um erro de catalogação ocorrido décadas atrás, o que reforça a importância de revisar coleções históricas mantidas por museus.