Um raro cometa interestelar está a atravessar o sistema solar e a mobilizar a comunidade científica internacional, depois de ter sido identificado no passado mês de julho pelo telescópio de levantamento ATLAS, financiado pela NASA e instalado em Rio Hurtado, no Chile. O objeto, detetado pela primeira vez fora do nosso sistema solar, foi entretanto oficialmente batizado como 3I/ATLAS, relatou esta quinta-feira o ‘El Economista’.
A designação 3I assinala o facto de se tratar apenas do terceiro objeto interestelar alguma vez registado, depois do asteroide ‘Oumuamua e do cometa 2I/Borisov, enquanto ATLAS faz referência ao sistema de observação responsável pela deteção inicial. Segundo os investigadores, o cometa terá origem na constelação de Sagitário e encontra-se atualmente a mais de 670 milhões de quilómetros da Terra, não representando qualquer ameaça para o planeta.
Apesar de não colocar riscos para a Terra, o 3I/ATLAS tem um elevado valor científico. Estes fenómenos são extremamente raros e só permanecem observáveis durante alguns meses, atravessando o sistema solar antes de seguirem novamente o seu percurso pelo espaço interestelar, o que limita significativamente as oportunidades de estudo direto.
Esta sexta-feira, o cometa atinge o ponto mais próximo da Terra ao longo da sua trajetória. Aproveitando essa aproximação, a Europa ativou um protocolo de defesa planetária, não por receio de impacto, mas como parte de um exercício de preparação e teste dos sistemas existentes para responder a eventuais ameaças futuras vindas do espaço.
O exercício envolve a simulação de um cenário de potencial risco associado ao 3I/ATLAS, permitindo às agências espaciais testar todo o ciclo de resposta, desde a deteção precoce e o cálculo da órbita, até à avaliação do risco, emissão de alertas e definição de eventuais medidas de mitigação. O objetivo passa por verificar a eficácia da rede internacional de alerta precoce na partilha rápida e fiável de dados e na tomada de decisões coordenadas sob pressão.
Este ensaio serve ainda para aperfeiçoar um manual de atuação global para futuros objetos que possam representar uma ameaça real à Terra, reforçando a capacidade de resposta internacional a fenómenos que, embora raros, podem ter consequências significativas.