O facto de estarmos ainda na primeira semana de agosto não invalidava a ideia de que o Benfica já estava a disputar um dos jogos mais importantes da temporada. Em França, contra o Nice, o Benfica sabia que um bom resultado era um primeiro passo importante rumo ao playoff de acesso à Liga dos Campeões — ou seja, sabia que um bom resultado era um primeiro passo importante rumo à maior competição europeia, aos milhões e ao prestígio.

Os encarnados apareciam na primeira mão da terceira pré-eliminatória da Liga dos Campeões menos de uma semana depois da conquista da Supertaça Cândido de Oliveira, contra o Sporting, a pouco mais de uma semana de iniciarem o Campeonato. Aktürkoğlu era baixa por lesão, apesar de estar mais do que a caminho do Fenerbahçe de José Mourinho, e o tal criativo que o Benfica tanto procurou em Thiago Almada e João Félix continua a não existir não plantel — mas Bruno Lage não percebe o porquê de isso ser um aparente problema.

Ficha de jogo

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Nice-Benfica, 0-2

Terceira pré-eliminatória da Liga dos Campeões

Allianz Riviera, em Nice (França)

Árbitro: Michael Oliver (Inglaterra)

Nice: Yehvann Diouf, Antoine Mendy, Juma Bah, Dante (Kojo Peprah Oppong, 45′), Jonathan Clauss, Morgan Sanson (Tom Louchet, 28′), Hichem Boudaoui, Melvin Bard, Badredine Bouanani (Jérémie Boga, 79′), Terem Moffi (Bernard Nguene, 89), Isak Jansson (Sofiane Diop, 79′)

Suplentes não utilizados: Maxime Dupé, Teddy Boulhendi, Pablo Rosario, Billal Brahimi, Gabin Bernardeau, Hamza Koutoune, Djibril Coulibaly

Treinador: Franck Haise

Benfica: Trubin, Amar Dedic, António Silva, Otamendi, Samuel Dahl, Enzo Barrenechea (Florentino, 77′), Richard Ríos, Schjelderup (Gianluca Prestianni, 66′), Fredrik Aursnes, Ivanovic (Leandro Barreiro, 77′), Pavlidis (Henrique Araújo, 77′)

Suplentes não utilizados: Samuel Soares, Diogo Ferreira, Rafael Obrador, Tiago Gouveia, Gonçalo Oliveira, João Veloso, Leandro Santos, Diogo Prioste

Treinador: Bruno Lage

Golos: Ivanovic (53′), Florentino (88′)

Ação disciplinar: cartão amarelo a Juma Bah (30′), a Schjelderup (33′), a Tom Louchet (79′), a Antoine Mendy (85′)

“Não sei de onde vem a narrativa do criativo, porque o que temos são jogadores criativos. Não entendo essa parte. O que é um criativo? Um jogador de último passe ou que finte jogadores? Temos esses jogadores na nossa equipa. Temos é de continuar a trabalhar para construir o melhor plantel até ao fecho do mercado. Jogadores com qualidade, talento, que consigam ter momento ofensivo. O que temos de fazer é construir a nossa criatividade coletiva, ser equipa. E isso já demonstrámos. Ter agressividade desportiva. Esse é o caminho que temos de fazer”, explicou o treinador encarnado na antevisão da partida.

Assim, no Allianz Riviera, Bruno Lage surpreendia ao deixar Leandro Barreiro no banco, apostando num 4x4x2 que proporcionava a estreia de Ivanovic logo como titular e perto de Pavlidis. Schjelderup aparecia naturalmente no lugar de Aktürkoğlu, com Aursnes na outra ala e Richard Ríos e Enzo Barrenechea a serem os responsáveis pelo meio-campo. Do outro lado, num Nice que não chega ao quadro principal da Liga dos Campeões desde o final dos anos 50, Franck Haise já não tinha Evann Guessand (que vai para o Aston Villa) e apostava em Isak Jansson, Terem Moffi e Badredine Bouanani no ataque.

Numa primeira parte que terminou sem golos, o Benfica criou a primeira situação de perigo num lance em que Schjelderup aproveitou um erro da defesa do Nice e rematou contra um adversário (7′). Os franceses reagiram por intermédio de Melvin Bard, que rematou por cima (10′), e Ivanovic ficou muito perto da estreia a marcar pelos encarnados com um pontapé desenquadrado na sequência de um cruzamento de Enzo Barrenechea (10′).

A equipa de Bruno Lage não precisava de acelerar muito para mostrar que era melhor, tanto em termos individuais e coletivos, mas tinha dificuldades para criar situações de finalização. Pavlidis recuava mais do que Ivanovic para ir buscar jogo, deixando o croata como uma referência ofensiva mais fixa, enquanto que o Nice construía desequilíbrios essencialmente através da transição rápida e da procura pela profundidade nas costas da defesa adversária.

Terem Moffi ficou perto de abrir o marcador com um remate em arco que Trubin encaixou (16′), Richard Ríos forçou Yehvann Diouf a uma defesa apertada com um livre direto (19′) e Franck Haise foi obrigado a mexer ainda dentro da meia-hora inicial devido a uma lesão de Morgan Sanson, lançando Tom Louchet. Ríos era um dos principais inconformados dos encarnados, mostrando-se sempre muito dinâmico na construção da equipa e com um bom entendimento com Enzo, enquanto que Aursnes surgia algo abaixo dos níveis normais.

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Até ao fim da primeira parte, para além de um remate ao lado de Hicham Boudaoui (30′) e de outro de Pavlidis que Diouf defendeu (33′), o avançado grego teve uma grande oportunidade ao desviar na área depois de um bom esforço de Schjelderup na esquerda, sendo que o guarda-redes dos franceses defendeu com o pé (39′). Ao intervalo, Nice e Benfica estavam ainda empatados sem golos na primeira mão da terceira pré-eliminatória de acesso à Liga dos Campeões.

Franck Haise mexeu logo no início da segunda parte, trocando Dante por Kojo Peprah Oppong, e a primeira situação de perigo pertenceu mesmo ao Nice: Jonathan Clauss surgiu na área, passou por dois adversários e rematou já em esforço para Trubin defender (50′). Logo depois, porém, aconteceu o golo. Amar Dedic desequilibrou na direita, soltou Aursnes e o norueguês cruzou para a área, onde Ivanovic apareceu quase sem oposição a desviar para se estrear a marcar pelo Benfica no dia do primeiro jogo (53′).

Os franceses não demonstraram qualquer capacidade para reagir à desvantagem e, na verdade, foi mesmo o Benfica a ficar perto de aumentar a vantagem através de duas ocasiões de Ivanovic, que rematou por cima à entrada da grande área (61′) e também atirou rasteiro para Diouf encaixar (62′). Bruno Lage mexeu pela primeira vez nesta fase, lançando Gianluca Prestianni no lugar de Schjelderup, e a enorme diferença de qualidade entre as duas equipas ia ficando cada vez mais vincada.

Os encarnados geriam a vantagem com calma e tranquilidade, oferecendo a iniciativa inconsequente aos franceses e apostando na transição rápida e no contra-ataque para tentar ferir novamente o adversário. Prestianni ficou perto de marcar com um remate de fora de área que passou por cima (71′) e Bruno Lage fez mais três substituições à entrada para o último quarto de hora, lançando Florentino, Leandro Barreiro e Henrique Araújo e passando a atuar com apenas um avançado.

Até ao fim, Florentino ainda teve tempo para aumentar a vantagem com um pontapé muito forte de fora de área, descaído na esquerda, que surpreendeu Diouf (88′). O Benfica venceu o Nice em França, partindo para a segunda mão da terceira pré-eliminatória de acesso à Liga dos Campeões em vantagem: num dia em que Ivanovic, com um golo na estreia e uma boa exibição, pode ser a obra de arte encarnada enquanto não chega o artista.