A autarquia de Jumilla aprovou uma moção que proíbe as celebrações islâmicas na localidade pertencente à comunidade autónoma de Múrcia em infraestruturas públicas. Foi o Vox que inicialmente propôs “proibir a celebração pública da denominada Festa do Cordeiro e outras comemorações semelhantes”, uma vez que se tratavam de “práticas incompatíveis com a identidade, usos e costumes da nação espanhola”. 

Ora, o Partido Popular (PP) reformulou a moção inicialmente do Vox, mas aprovou o texto que determinava que as celebrações islâmicas não ocorressem em espaços públicos de Jumilla. A comunidade islâmica espanhola criticou a ação, assim como os socialistas espanhóis, que acusam os populares de “não respeitarem os direitos fundamentais” da liberdade religiosa.

O Partido Popular alterou parte do texto do Vox — que considerava, por exemplo, que era importante defender a “identidade, valores e as manifestações religiosas de Espanha”. Além disso, os populares consideram que as infraestruturas da cidade (onde se ia realizar a festividade islâmica) não devem servir para acolher eventos religiosos. O Vox acabou por não concordar na íntegra com as modificações do PP, abstendo-se na votação da moção, enquanto todos os dez populares votaram a favor (os socialistas e o Unidas Podemos votaram contra).

O vice-secretário de Educação e Igualdade do PP, Jaime de los Santos, saiu em defesa, esta quinta-feira, da aprovação da moção. Os populares colocam no centro das suas políticas “as crenças individuais” e garantem que as respeitam. “Nunca vamos criticar ninguém por acreditar no que acredita, reze o que rezar. Como católico, se peço respeito pela minha fé, como é que não pedirei por qualquer outra fé?”

Jaime de los Santos criticou ainda o Vox e o PSOE, acusando os dois partidos de quererem “politizar” a questão. Para o dirigente partidário popular, o partido de Santiago Abascal inventa “mentiras” sobre imigrantes e muçulmanos, ao passo que o PSOE quer fazer passar o PP por um partido “xenófobo”.

Por sua vez, Mounir Benjelloun Andaloussi Azhari, presidente da Federação Espanhola de Organizações Islâmicas, apelidou esta moção de “discriminatória” e salientou que tem como objetivo que os muçulmanos “não possam desfrutar das suas festas”. “Não vão contra outras confissões, vão contra a nossa. É uma proposta islamofóbica.”

A localidade de Jumilla tem cerca de 1.500 muçulmanos. Recentemente, houve um aumento de tensão entre a comunidade islâmica no sul de Espanha após os distúrbios na localidade de Torre-Pacheco, também em Múrcia.