Lisboa voltou a acordar com mais uma instalação-denúncia de Bordalo II. Desta vez, o artista prendeu uma faixa no Cais das Colunas, no Terreiro do Paço, onde se lê “Vende-se Lisboa/For Sale Lisbon”.
Com um grafismo inspirado num anúncio imobiliário, a lona inclui ainda o contacto geral da Câmara Municipal de Lisboa
Depois, nas redes sociais, além de partilhar várias imagens da intervenção (e um vídeo da sua remoção pela polícia), o artista completou o anúncio. Descreve-se, assim, uma “cidade de traça antiga, com óptima exposição solar todo o ano e recentemente remodelada com detalhes de luxo”, “inserida numa zona premium da Península Ibérica”, com “vista deslumbrante sobre o rio Tejo e fácil acesso a restaurantes e comércio deluxe”.
Uma “excelente oportunidade”, sobretudo para quem procura um “ambiente vibrante cosmopolita e gentrificado”. E conclui: “Uma oportunidade de sonho numa cidade onde a maioria nem pode sonhar em viver.” Tal como o anúncio afixado, também esta descrição tem uma versão em inglês.
No primeiro trimestre de 2025, o metro quadrado no município de Lisboa custava em média 4492 €, o preço mais elevado em Portugal, segundo dados do Instituto Nacional de Estatística.
Esta está longe de ser a primeira vez em que Bordalo II censura a especulação imobiliária e a crise na habitação com o seu trabalho. Em Maio, instalou um tabuleiro de Monopólio gigante no Cais do Sodré e, em Setembro do ano passado, montou tendas no Miradouro de São Pedro de Alcântara para criticar o “desalojamento local”.
Há poucas semanas, apontou o dedo às demolições em Loures com anúncios afixados no próprio edifício da câmara e no bairro do Talude Militar com as mensagens “Despejado” e “Demolidor Imobiliário”.