O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, afirmou, numa entrevista à Fox News, que pretende tomar o controlo da Faixa de Gaza, em vésperas de um encontro de ministros e depois de o chefe do Estado-Maior general das Forças Armadas, Eyal Zamir, ter repetido a sua oposição ao plano, que diz ser perigoso para os reféns ainda no território e para os soldados.
Netanyahu acrescentou que a ideia seria criar um perímetro de segurança e não governar o território palestiniano. Disse que o controlo seria depois passado a uma autoridade credível que pudesse governar o território e que não defendesse a destruição de Israel. Não é claro que tipo de autoridade poderia ser esta.
Vários analistas em Israel dizem que interessa a Netanyahu manter a ideia de que pretende ocupar toda a Faixa de Gaza para, por um lado, pressionar o Hamas e, por outro, dar um sinal aos seus parceiros de Governo de extrema-direita, mas que seria arriscado ter um confronto directo que acabasse com o afastamento de Zamir por esta razão.
As declarações à Fox News foram emitidas pouco antes do início de uma reunião do gabinete de segurança para discutir os passos seguintes que Israel dará na Faixa de Gaza, depois de um impasse nas negociações com o Hamas (Israel exige o desarmamento do Hamas, este diz que só desarma quando houver um Estado palestiniano independente).
A reunião deveria ter ocorrido no início da semana mas foi adiada para esta quinta-feira, no que foi visto como um sinal de desentendimento entre alguns dos ministros.
Mesmo com uma votação favorável do gabinete de segurança a um plano de ocupação total, poderia demorar dias ou semanas até uma acção militar para começar a tentar ter este controlo, podendo depois demorar muitos meses ou mais de um ano a concretizar-se.
O analista Amos Harel, do diário Haaretz, dizia que não poderá haver um plano destes sem uma mobilização extraordinária de reservistas, que ainda não aconteceu.
Também não era clara a posição dos Estados Unidos. Depois de ter sido relatado que o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, pretendia dar margem para que Israel fizesse o que achasse melhor, insistindo apenas em maior acesso a ajuda humanitária, esta quinta-feira o jornalista Barak Ravid, do site Axios, que tinha relatado essa posição da Administração Trump, disse que afinal os Estados Unidos estavam a expressar oposição a essa ideia.
A oposição à continuação da guerra em Gaza (sem chegar sequer ao plano de ocupação total da Faixa de Gaza) está a aumentar em Israel: depois de uma acção inédita de antigos chefes militares e de serviços secretos dizerem que Israel já tinha conseguido atingir os objectivos operacionais há um ano e que a guerra se estava a arrastar apenas por razões políticas, pedindo o seu fim, esta quinta-feira foi a vez de peritos legais avisarem que se continuar, a guerra na Faixa de Gaza poderá tornar-se ilegal.
“Pode até ser considerada um acto de agressão, que implica responsabilidade criminal pessoal a altos responsáveis do Estado”, escreveram 16 especialistas numa cara ao Governo, citada pelo diário Haaretz.