O Presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, afirmou que não vê sentido em iniciar conversações com Donald Trump sobre as novas tarifas dos EUA, que impõem 50% de imposto sobre produtos brasileiros a partir desta quinta-feira

Em entrevista à Reuters, Lula justificou: “No dia em que a minha intuição disser que Trump quer conversar, eu ligo. Hoje, ela diz que ele não quer. E eu não me vou humilhar.”

Apesar do impacto das tarifas, Lula afastou a possibilidade de retaliação imediata, preferindo manter o foco em medidas internas para mitigar os efeitos económicos e continuar o diálogo a nível ministerial.

O presidente brasileiro deixou em aberto um possível encontro com Trump na Assembleia Geral da ONU, mas criticou a postura do norte-americano, recordando episódios em que este humilhou outros líderes mundiais como o presidente ucraniano Zelensky e o presidente sul-africano Cyril Ramaphosa.

“Um presidente não pode humilhar outro. Eu respeito todos e exijo respeito”, disse Lula, que acusou o ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro de ser o responsável por estas tarifas extraordinárias impostas ao Brasil, ao procurar o apoio político de Trump. “Bolsonaro deveria ser julgado novamente por provocar esta interferência. Foi um traidor da pátria”, afirmou.

O presidente brasileiro também afirmou que pretende mobilizar os líderes do BRICS (grupo que reúne vários países emergentes), começando pela China e pela Índia, para uma resposta conjunta às tarifas impostas pelos EUA. “Não há ainda coordenação entre os BRICS, mas vai haver”, garantiu.

Lula disse ainda que o Brasil poderá levar uma queixa conjunta à Organização Mundial do Comércio (OMC) e que o governo está a estudar formas de tributar empresas norte-americanas em pé de igualdade com as brasileiras, nomeadamente no setor tecnológico.

Além disso, revelou planos para uma nova política nacional para os recursos minerais estratégicos do país, com o objetivo de deixar de exportar matéria-prima crítica sem retirar o devido valor acrescentado. “É uma questão de soberania nacional”, concluiu.