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- Antônio Fagundes criticou a desvalorização de artistas brasileiros em relação a atores americanos, citando frase de Plínio Marcos em entrevista à Folha.
- Fagundes comentou sobre possível retorno à Globo após reestruturação da emissora, mencionando trabalhos em streaming, TV Cultura e cinema durante sua ausência.
- O ator destacou a importância do teatro para a formação do ator e sua contínua atuação nos palcos, mesmo durante trabalhos na televisão.
- Fagundes defendeu a luta por direitos dos artistas e negou ter sofrido dificuldades na Globo por sua postura política, mencionando encontros promovidos para discutir a questão.
“Um ator americano morto ganha mais que um brasileiro vivo.” A frase do dramaturgo Plínio Marcos foi lembrada por Antônio Fagundes em entrevista à Folha, publicada nesta segunda-feira (29), para resumir o que o ator considera uma das principais distorções do mercado cultural brasileiro. Ao comentar o possível retorno à TV Globo, Fagundes falou sobre a reestruturação da emissora, sua trajetória fora da televisão aberta, a defesa do teatro e o engajamento histórico na luta por direitos dos artistas.
Segundo Fagundes, o interesse da Globo em tê-lo novamente em seus projetos está ligado a mudanças internas recentes. “A TV aberta passou por uma reformulação. Eles tiveram que se reestruturar administrativamente e agora estão recomeçando”, afirmou. Para ele, o período fora da emissora também foi positivo. “Foi bom para todo mundo que conseguiu se espalhar fora da Globo.”
Desde sua saída, o ator atuou em produções de streaming, trabalhou na TV Cultura e no cinema. “A vida não parou por ter saído da Globo”, disse. Ainda assim, destacou o peso da emissora no cenário audiovisual nacional. “É uma grande emissora e, na TV aberta, é a maior produtora. Fazer algum trabalho lá é importante para qualquer um.”
Além de novos trabalhos na televisão, Fagundes revelou que gravará um longa-metragem e que a Globo fará o licenciamento do filme “Contra a Parede” (2018), produção assinada por ele.
Teatro como base da carreira
O ator afirmou que negociou a liberação de alguns dias da semana para continuar atuando no teatro, prática que mantém desde o início da carreira. “Desde que comecei a fazer novela, nunca parei de fazer teatro”, disse. Para Fagundes, o palco é essencial à formação artística. “O teatro é a pátria do ator, é lá que ele se desenvolve.”
Militância por direitos
Reconhecido por sua atuação política em defesa da classe artística, Fagundes explicou por que sempre se envolveu em discussões sobre direitos trabalhistas. “A gente ainda está discutindo os direitos dos intérpretes, que no mundo inteiro funcionam, menos no Brasil”, afirmou, retomando a frase de Plínio Marcos como símbolo dessa desigualdade.
Questionado se sua postura lhe trouxe dificuldades dentro da Globo, o ator negou. “Eu sempre tive muito diálogo lá dentro”, disse. Ele lembrou um período em que promoveu reuniões em sua casa para discutir a realidade dos artistas, encontros que reuniram profissionais de diferentes emissoras e membros da alta direção da Globo, como Boni, Mônica Albuquerque e Sílvio de Abreu.