Cientistas descobriram grãos microscópicos de poeira extraterrestre em sedimentos no fundo do oceano, que podem ser a evidência mais forte até agora de que um cometa explodiu na atmosfera da Terra há 12.800 anos. Esse evento catastrófico ficou conhecido como impacto do Dryas Recente.
O Dryas Recente foi um período de abrupto e breve resfriamento climático ocorrido há cerca de 13 mil anos. Durante essa fase da história global, as temperaturas caíram significativamente, especialmente nas regiões do Atlântico Norte.
O nome do evento tem a ver com a planta Dryas octopetala, que proliferou durante esse período e cujos restos são encontrados em sedimentos da época. A causa exata do Dryas Recente ainda é debatida, com hipóteses incluindo mudanças nas correntes oceânicas, um impacto de cometa, e grandes emissões de água doce das geleiras derretendo.
Cientistas acreditam que essa mudança repentina no clima causou a extinção de muitos mamíferos grandes, como mamutes. A hipótese, porém, divide a comunidade. Enquanto alguns pesquisadores defendem que o impacto desencadeou uma mini-era glacial, outros descartam a teoria pela falta de uma cratera visível.
Agora, um novo estudo publicado na PLOS One sugere que as pistas podem ser muito menores do que se imaginava: partículas metálicas e microesferas encontradas em sedimentos marinhos.
Algumas das microesferulas ricas em sílica e ferro encontradas nos núcleos. (Moore et al., PLOS One , 2025)
Liderados pelo geocientista Christopher Moore, da Universidade da Carolina do Sul, pesquisadores analisaram quatro núcleos de sedimentos retirados da Baía de Baffin, próximo à Groenlândia. Esses cilindros de lama preservam camadas geológicas acumuladas ao longo de milênios, funcionando como um “arquivo” do passado da Terra.
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Como a pesquisa foi feita
Utilizando técnicas avançadas, como espectrometria de massa, a equipe identificou partículas de ferro com baixo oxigênio e alto níquel, além de microesferas ricas em sílica e ferro. Também foram encontrados vidros derretidos e nanopartículas de platina e irídio, elementos raros na Terra, mas comuns em meteoritos.
Algumas das partículas de poeira metálica extraídas dos núcleos. (Moore et al., PLOS One , 2025)
“Esses indicadores sugerem um evento de impacto de escala global”, afirma Moore. “As partículas deformadas e a química incomum são consistentes com uma explosão aérea de um cometa, que espalhou poeira cósmica pelo planeta.”
Apesar das evidências, o debate continua. Críticos argumentam que as partículas poderiam ter outras origens, mas Moore ressalta que os sedimentos analisados estão livres de contaminação humana e apresentam camadas bem preservadas.