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Quando uma equipa ganha três títulos de campeão em cinco anos, isso só pode ser classificado como hegemonia. Por isso, é justo dizer que o Sporting chegou a esse patamar, campeão em 2021, 2024 e 2025, mas terá o bicampeão feito o suficiente para manter o estatuto? É que o FC Porto passou, num ápice, de clube falido a clube pujante e investiu como nunca, e o Benfica, a ressacar de três épocas seguidas sem ser campeão, também carregou no investimento e até o Sp. Braga bateu o seu recorde de transferências – duas vezes. Nesta sexta-feira, com um Casa Pia-Sporting, em Rio Maior (20h15, SPTV1), começamos a saber o que nos reserva o futebol português em 2025-26. Lá para Maio descobriremos o que aconteceu.


O bicampeão Sporting ajustou nas margens e “apenas” esbanjou dinheiro a sério num ponta-de-lança que será o substituto directo do candidato à Bola de Ouro – e cliente do mais famoso dentista de Maiorca – Viktor Gyökeres. Investimento total para a nova época, 47,3 milhões, quase metade em Luis Suárez, o colombiano que veio da Andaluzia. O resto? Dois laterais, um médio, um extremo e um guarda-redes.

Em equipa que ganha não se mexe, costuma dizer-se, e, dos três crónicos candidatos, o Sporting é aquele que investe menos, confiando na estrutura montada que rendeu títulos nas duas últimas épocas. Mas Frederico Varandas será julgado pela forma como lidou com a substituição de Gyökeres (não a sua venda) e Rui Borges, com a sua totalmente legítima vontade de dar um cunho pessoal a este Sporting, terá maior responsabilidade nos sucessos e nos fracassos em 2025-26.

Entre os habituais candidatos ao título, foi o FC Porto quem mais gastou. Entre novas contratações, opções de compra activadas e aquisição de percentagens remanescentes de passes, o clube dirigido por André Villas-Boas já ultrapassou os 100 milhões em gastos neste Verão, o que só pode ser entendido como um “all in” do presidente portista. AVB precisa de uma época de afirmação sustentada pelo sucesso desportivo – sanear contas já não chega, os sócios vão ao museu para ver taças, e não para ver extractos bancários, como diria o seu antecessor Jorge Nuno Pinto da Costa.


Farioli é um treinador jovem e ambicioso, e os primeiros sinais são promissores (Froholdt parece ser um belo jogador), mas não deixa de ser uma aposta de risco – como tinham sido Anselmi e Vítor Bruno, e bem sabemos como isso acabou. É tudo muito bonito até começar a enfrentar equipas que jogam em 10x0x0.

AVB não é o único presidente dos “grandes” sob pressão – estão todos, na verdade. Mas é Rui Costa quem joga o seu futuro a curto prazo como líder do Benfica e não é com o “Benfica District” que vai ganhar as eleições de Outubro contra cinco candidatos, um deles Luís Filipe Vieira. É com sucesso no futebol e, por isso, também não tem regateado preços, com excepção dos inacessíveis João Félix e Thiago Almada – 72,5 milhões, uma boa parte em Ríos (27 milhões) e Ivanovic (22,8 milhões).

Bruno Lage é o homem que se mantém na cadeira, apesar do insucesso em 2024-25, mas ganhou algum crédito com o Mundial de Clubes, com a conquista da Supertaça e com a entrada nas pré-eliminatórias da Champions. O seu sucesso ou fracasso será o sucesso ou o fracasso do presidente.

Esta será mais uma época em que o Sp. Braga faz um esforço de aproximação aos três candidatos clássicos, mas com um novo paradigma. António Salvador voltou aos treinadores estrangeiros – Carlos Vincens, ex-adjunto de Guardiola, foi o escolhido – e bateu duas vezes o recorde de transferências neste Verão – primeiro com Mario Dorgeles (11 milhões), médio marfinense ex-Nordsjaelland, e Pau Victor (12 milhões), avançado ex-Barcelona, mas não formado em La Masia. Para já, vai resultando nas pré-eliminatórias da Liga Europa.


Sem ter o mesmo investimento do seu rival minhoto, veremos o que faz o Vitória de Guimarães com um jovem treinador estreante na primeira divisão – Luís Pinto foi campeão da II Liga com o Tondela. Veremos ainda se Vasco Matos mantém a boa onda do Santa Clara, e como irá funcionar um Rio Ave a falar grego (cinco jogadores, o treinador e o principal investidor).

Também há alguma curiosidade para ver como funcionam as equipas que contrataram camiões de jogadores, como o Estrela da Amadora (19), o Nacional da Madeira (19) ou o regressado Alverca, que, entre as 27 caras novas num plantel de 34, tem Abderrahmane Soumare, médio de 18 anos da Mauritânia “que ocupa posições em várias zonas do meio-campo”, segundo o comunicado oficial dos ribatejanos. Pode resultar – o bom do futebol é que floresce em todo o lado.