“As Forças de Defesa de Israel vão preparar-se para tomar o controlo da Cidade de Gaza enquanto continuam a fornecer ajuda humanitária à população civil fora das zonas de combate”, declarou o gabinete do primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, em comunicado.
No início desta semana, a imprensa israelita revelou planos do Governo para a reocupação total da Faixa de Gaza. A decisão agora tomada, porém, contempla especificamente a Cidade de Gaza, a maior do enclave.
A medida foi anunciada no final de uma reunião de dez horas onde foram aprovados cinco princípios: derrotar o Hamas; fazer regressar todos os reféns; desmilitarizar a Faixa de Gaza; controlar a segurança dessa região e, por fim, estabelecer uma “administração civil alternativa”.
Na quinta-feira, em entrevista à Fox News, Benjamin Netanyahu assumiu que Israel quer tomar o controlo de todo o território costeiro e revelou que pretende entregá-lo a forças árabes para o governarem, sem especificar que nações estariam envolvidas. “Não queremos ficar com ele. Queremos ter um perímetro de segurança. Não queremos governá-lo. Não queremos estar lá como corpo governativo”, assegurou.
Quando, esta semana, foi revelada a intenção da reocupação total da Faixa de Gaza, surgiram também relatos de que o chefe do Exército de Israel estaria a opor-se a esse plano por acreditar que colocaria em perigo os reféns do Hamas, agravaria a crise humanitária e isolaria ainda mais Israel a nível internacional.
No seu comunicado esta sexta-feira, Netanyahu explicou que o Gabinete de Segurança discutiu um plano alternativo para Gaza mas que a maioria dos membros defendeu que o mesmo “não alcançaria a derrota do Hamas nem o regresso dos reféns”.
A resolução agora anunciada precisa ainda de ser aprovada pela totalidade do Gabinete, que deverá reunir-se até domingo desta semana.Comunidade internacional insta Israel a travar plano
A ONU já reagiu ao anúncio israelita, apelando ao Governo que “trave imediatamente” o plano de ocupação.
“Vai contra a decisão do Tribunal Internacional de Justiça de que Israel deve pôr termo à sua ocupação o mais rapidamente possível, à concretização da solução de dois Estados e ao direito dos palestinianos à autodeterminação”, alertou o alto-comissário para os Direitos Humanos, Volker Türk.
O primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, também reagiu negativamente àquele que considera um “erro” de Israel.
“A decisão do Governo israelita de intensificar a sua ofensiva em Gaza é um erro e instamo-lo a reconsiderar imediatamente. Esta ação não contribuirá em nada para pôr fim ao conflito ou garantir a libertação dos reféns. Só conduzirá a mais massacres”, defendeu.
“A nossa mensagem é clara: uma solução diplomática é possível, mas os dois lados devem afastar-se do caminho da destruição”, insistiu Starmer, acrescentando que o Hamas “não pode desempenhar qualquer papel” no futuro do território palestiniano e deve “ser desarmado”.
A Turquia instou, por sua vez, a comunidade internacional a “impedir” a aplicação do plano apresentado pelo primeiro-ministro israelita.
“Apelamos à comunidade internacional que assuma as suas responsabilidades para impedir a implementação desta decisão, que visa deslocar à força os palestinianos da sua própria terra, tornando Gaza inabitável”, escreveu o ministério turco dos Negócios Estrangeiros em comunicado.
c/ agências