A Administração Trump deu ordens ao Pentágono para que sejam usadas as Forças Armadas na perseguição de cartéis de drogas que foram designados como organizações terroristas globais e instruiu-o a preparar opções, de acordo com responsáveis americanos.

Em Fevereiro, o executivo de Donald Trump designou o “Tren de Aragua”, o Cartel de Sinaloa e outros cartéis de droga como organizações terroristas globais, paralelamente a uma intensificação da repressão à imigração contra supostos membros de gangues. Esta quinta-feira, o secretário de Estado americano, Marco Rubio, disse que o governo pode agora usar as forças armadas para perseguir estes cartéis.

“Isso permite-nos agora visar as suas operações e utilizar outros elementos do poder americano, agências de informação, o Departamento de Defesa, o que for necessário… Para atacar esses grupos, se tivermos oportunidade de o fazer”, afirmou Rubio. “Temos de começar a tratá-los como organizações terroristas armadas, e não simplesmente como organizações de tráfico de droga.”

O jornal The New York Times noticiou esta sexta-feira que Trump assinou secretamente uma directiva para começar a usar força militar contra os grupos.

Um responsável americano, falando sob condição de anonimato, confirmou essa medida, mas disse que uma acção militar contra os grupos designados não parecia iminente e que não é claro que tipo de operações seriam realizadas.

Um outro funcionário disse que a directiva assinada daria, entre outras coisas, à Marinha dos Estados Unidos o poder de realizar acções no mar, o que poderia incluir operações de intercepção de tráfico de drogas.


As Forças Armadas dos EUA já têm vindo a aumentar a vigilância aérea dos cartéis de droga mexicanos para recolher informações e determinar a melhor forma de combater as suas actividades.

Esta sexta-feira, a presidente mexicana, Claudia Sheinbaum, afirmou que os membros das Forças Armadas dos EUA não entrariam em território mexicano. Sheinbaum disse que o seu governo foi informado sobre uma ordem, mas que isso não tinha nada a ver com presença militar americana em solo mexicano.

Trump já se ofereceu anteriormente para enviar tropas americanas para o México a fim de ajudar Sheinbaum a combater o tráfico de droga, uma oferta que a homóloga mexicana disse em Maio ter recusado. O presidente norte-americano afirmou publicamente que os EUA tomariam medidas militares unilaterais se o México não conseguisse desmantelar os cartéis de droga.

Donald Trump já tinha considerado acções militares no México durante o primeiro mandato. O seu antigo secretário de Defesa, Mark Esper, escreveu num livro de memórias que Trump lhe perguntou pelo menos duas vezes em 2020 se o exército poderia “disparar mísseis contra o México para destruir laboratórios de droga”. Esper escreveu que respondeu que tais acções seriam ilegais e um acto de guerra.