D.R.

PORTUGAL RAZÃO E MISTÉRIO, de António Quadros, é uma trilogia fascinante que nos conduz a uma interpretação e conhecimento da grandeza a que os portugueses estão destinados.

Numa profunda e fundamentada busca das nossas origens, o autor remonta a um passado longínquo da nossa estirpe, de onde emergem, na sua perspectiva, o paradigma, modelo ou arquétipo que caracteriza e define uma forma diferente de ser português.

Com recurso a elementos históricos, icónicos, simbólicos, literários, filosóficos e até teleológicos, procura discernir o mistério que subjaz, à inteligência portuguesa, que define o seu modo de ser e de estar no mundo, muito genuíno, muito nosso, porque emana das nossas ancestrais origens.

O Mito, o Mistério, a Epopeia e um ADN sui generis, conjugam-se na construção deste arquétipo de ser português: 

«O homem português, melhor, o arquétipo de homem português, é o que emerge e se revela em determinados períodos históricos favoráveis, mas é também o que se oculta ou é ocultado, o que se reduz a uma vida estagnada e recalcada, nos períodos em que se desfaz a sua paideia, ao modo grego, é a solidariedade e a univocidade entre a estrutura cultural e o sistema educativo de um povo, ambos se ordenando a um telos ou a um fim superior, que todos sentem como seu, pelo que vivem, lutam e se sacrificam se necessário for. Sem a restauração de uma paideia essencialmente portuguesa, não deixando de ser universal, será difícil, senão impossível, que o homem português se reencontre, numa reinvenção que ou começa pelas elites, pelas classes letradas, ou nunca mais será possível. Sem uma paideia portuguesa renovada jamais poderemos ter uma pátria portuguesa dinâmica, criadora de valores, voltada para o futuro a partir das suas raízes e das suas linhas genéticas fundamentais, sem as quais a nossa identidade se perderia num progressismo vazio e superficial.

Recorrendo à metáfora camoneana, assistimos nos últimos anos à vitória do Velho do Restelo sobre Gama, o mesmo é dizer, da terra sobre a água e sobre os elementos aéreo e ígneo… (…)

O que parece dominar hoje em Portugal é a face negativa, nocturna, decaída do arquétipo, do modelo ou da imagem sublimatória que o Português já teve de si próprio e o levou a ousar rasgar os seus trilhos na superfície do mundo ou da vida.

A partir desta experiência agónica que todos vivemos hoje, mesmo os que, obcecados ou hipnotizados por ideologias e quimeras, o não querem reconhecer, impõe-se-nos em consequência, como prolegómeno actual à nossa ou a qualquer arqueologia da tradição portuguesa, repensar o processo cultural e psicológico que nos conduziu à crise de identidade e de personalidade hoje evidentes».

Este livro é uma das mais importantes obras sobre a história do nosso país. Publicado no ano 2020, pela editora “alma dos livros”, torna-se de leitura obrigatória, fundamental e incontornável para compreendermos a origem, o passado, o presente de Portugal e assim podermos concretizar a nossa missão e paixão num futuro mais radioso, mais genuíno, mais fulgurante e glorioso.

“Acreditem em Portugal, porque Portugal está no mais fundo de cada um de vós e sem Portugal sereis menos do que sois”.