Milhares de passageiros em toda a Europa poderão ver os seus planos de férias de verão seriamente afetados este sábado, 26 de julho, devido a uma vaga de greves em aeroportos italianos, espanhóis e portugueses. Em Itália, está prevista uma greve nacional de quatro horas dos trabalhadores aeroportuários, enquanto em Portugal e Espanha decorrem paralisações adicionais que poderão agravar o caos aéreo.

Em Itália, trabalhadores dos principais aeroportos do país irão parar entre as 13h00 e as 17h00 de sábado, exigindo melhores condições laborais, maior equilíbrio entre a vida profissional e pessoal, renovação dos contratos coletivos e reforço das normas de segurança. A greve abrangerá pessoal de terra, manuseamento de bagagens e outros serviços aeroportuários essenciais.

Os aeroportos mais afetados incluem Roma Fiumicino, Milão Malpensa, Milão Linate, Veneza Marco Polo, Florença e Nápoles. Em Milão Linate, o protesto será também reforçado pela adesão dos trabalhadores da Swissport, incluindo funcionários de balcões de check-in e serviços de embarque.

Companhias como Ryanair, EasyJet, Wizz Air, Volotea, British Airways, TUI e ITA Airways já alertaram para possíveis perturbações nas suas operações durante o período da paralisação.

Segundo registos anteriores, greves semelhantes já causaram o cancelamento de dezenas de voos. No início de julho, por exemplo, uma greve semelhante levou ao cancelamento de 73 voos num único dia, afetando ligações de e para Milão, Veneza e Nápoles.

Em Espanha, a transportadora aérea de baixo custo Volotea verá os seus pilotos e tripulantes de cabine entrar em greve também no sábado. A empresa opera voos para mais de 100 cidades europeias, pelo que se antevêem impactos alargados nas rotas aéreas entre Espanha e outros destinos do continente.

O protesto dos trabalhadores da Volotea insere-se num contexto de reivindicações por melhores condições laborais, e poderá levar a cancelamentos e atrasos consideráveis.

Já em Portugal, a greve dos trabalhadores da antiga Groundforce — atualmente operando sob a designação Menzies Aviation — começou na sexta-feira e prolonga-se até à meia-noite de terça-feira, 29 de julho. Estão previstas novas paralisações para os quatro últimos fins de semana de agosto (8 a 11, 15 a 18, 22 a 25 e de 29 de agosto a 1 de setembro).

O Aeroporto de Lisboa deverá ser particularmente afetado, dado o volume de operações da Menzies Aviation no principal hub aéreo do país. Os trabalhadores reivindicam melhores condições contratuais e operacionais.

O que podem fazer os passageiros?
Apesar das previsíveis perturbações, os passageiros são aconselhados a adotar algumas medidas preventivas para minimizar os transtornos. As autoridades recomendam verificar antecipadamente o estado dos voos junto das companhias aéreas e consultar fontes oficiais, como o site do Ministério dos Transportes italiano ou a lista de voos garantidos publicada pela Autoridade Nacional de Aviação Civil de Itália (ENAC).

De acordo com a legislação italiana, determinados voos estão protegidos por serviços mínimos obrigatórios durante períodos de greve. Estes incluem voos programados entre as 07h00 e as 10h00, bem como entre as 18h00 e as 21h00, que tendem a operar com normalidade. Voos de e para algumas ilhas, como Sardenha, Sicília e Lampedusa, também costumam estar isentos das paralisações.

Darina Kovacheva, responsável pelo departamento jurídico da empresa de compensações SkyRefund, lembra que os passageiros afetados por greves internas das companhias aéreas, como no caso da Volotea, podem ter direito a indemnizações.

“Ao abrigo do Regulamento (CE) n.º 261/2004, quando a interrupção da viagem é causada por funcionários da própria companhia aérea — como a greve planeada dos trabalhadores da Volotea — os passageiros podem ter direito a compensação. Estes casos são considerados da responsabilidade da transportadora,” explicou Kovacheva.

A especialista acrescenta ainda que “os passageiros da Volotea cujos voos sejam cancelados ou atrasados com pouca antecedência devido a esta greve poderão reclamar compensações entre 250 e 520 libras esterlinas (o equivalente a cerca de 286,90 a 453,20 euros), consoante a distância do voo.”

A recomendação geral para os viajantes é evitar os horários de maior afluência nos aeroportos e chegar com antecedência adicional, caso não seja possível adiar ou alterar a data da viagem.

Com greves a ocorrer em três países-chave da aviação europeia, o fim de semana de 26 a 28 de julho promete ser um verdadeiro teste à resiliência das infraestruturas aeroportuárias e à paciência dos viajantes.