Os 38 migrantes têm nacionalidade marroquina, segundo a GNR. A bordo seguiam 25 homens, seis mulheres e sete crianças. O passageiro mais velho tinha 44 anos enquanto o mais novo era o bebé de um ano.
Se o empresário Paulo Lorenço elogia a atuação das autoridades — que foram “rápidas” a chegar ao local e “trataram-nos muito bem” —, já uma habitante da aldeia de Budens (a zona urbana mais próxima, a cerca de três quilómetros da praia de Boca do Rio), critica a Polícia Marítima. “Não percebo como é que, detetando o barco, não o pararam. E tenha vindo até aqui”, disse a mulher, recusando ser identificada.
Apesar de a GNR não ter a certeza do ponto exato de origem da embarcação, o historial de desembarques de migrantes na costa algarvia (sete desde o final de 2019) aponta como origem mais provável a cidade marroquina de El Jadida, a sul de Casablanca, de onde saem frequentemente muitos migrantes ilegais com destino à Europa.
No caso dos 38 migrantes que desembarcaram em Vila do Bispo, a GNR não identificou nenhum líder ou comandante da embarcação — feita de madeira, com 5 metros de comprimento e um pequeno motor acoplado. A GNR vê com reservas a hipótese de estas pessoas terem pago a uma rede de imigração ilegal para chegar a Portugal. “Esse fenómeno existe mas não numa organização tão informal como esta e não numa embarcação com cinco metros”, realçou o major Ilídio Barreiros.
Enquanto grande parte dos migrantes (a maioria jovens adultos) eram levados para o posto da GNR de Vila do Bispo, a Câmara Municipal montava uma operação logística no pavilhão multiusos de Sagres para os acolher. Em apenas 40 minutos, ainda na noite de sexta-feira, foram montadas 38 camas de campanha e levadas roupa (camisas, t-shirts), calçado e peluches, bem como comida, para o pavilhão. O kit alimentar disponibilizado pela Proteção Civil tem bolachas, sumo, leite, pão, patê, fruta e água. No espaço, que o Observador visitou, havia ainda variados produtos de higiene: pastas e escovas de dentes, pensos higiénicos e produtos para o banho.
O pavilhão encheu-se este sábado à noite, para receber os 38 migrantes, vindos do Tribunal de Silves, onde ficaram a conhecer a decisão do juiz de turno. Todos receberam ordem para sair de Portugal devido a “imigração ilegal por via marítima”. Têm agora até 60 dias para abandonarem o país, no limite de forma coerciva.