Nascido como feira do livro e ampliado quatro anos depois, o Fliv, Festival Literário de Votuporanga, chega aos 15 anos, agora como patrimônio cultural imaterial. O decreto de tombamento municipal foi assinado nesta sexta (8), na abertura do evento, no interior paulista.

“O Festival Literário criou na comunidade um pertencimento muito grande. Com o tombamento, a gente garante, independentemente da política, a existência do Fliv. Quem vier [em futuras gestões] tem que cuidar, preservar, investir”, afirma a secretaria de Cultura do município, Janaína Silva.

A assinatura do decreto, pelo prefeito Jorge Seba (PSD), ocorreu no dia do aniversário da cidade, que completou 88 anos. O Fliv é realizado no Parque da Cultura e durante nove dias prevê 610 atividades na programação, incluindo contação de histórias, shows —como Toni Garrido e Renato Teixeira— e conversa com os homenageados Blandina Franco e José Carlos Lollo, que falarão de leitura e primeira infância.

Em uma parceria com Sesc, Senac e Unifev —Centro Universitário de Votuporanga—, o evento conta neste ano cinco editoras e uma livraria. Na edição passada, o Fliv recebeu cerca de 85 mil pessoas —a cidade tem aproximadamente 100 mil habitantes, segundo o último Censo.

O formato de festival foi idealizado pela jornalista Cibeli Moretti, que afirma ter encontrado “as pessoas certas, no momento certo”. Segundo ela, ao compartilhar a ideia com a secretária de Cultura à época, sugeriu que o evento se espelhasse na Flip, a Festa Literária Internacional de Paraty.

“A gente não está falando de um evento que traz para cá milhares de pessoas, a gente está falando de livro, de música, dos artistas e de como a arte toca a gente e nos torna mais humanos e melhores”, disse Cibeli sobre o tombamento.

A votação que tornou o festival patrimônio ocorreu em julho e foi unânime entre os participantes daquela reunião do Comdephaact, o Conselho Municipal de Defesa do Patrimônio Histórico, Artístico, Arquitetônico, Cultural, Turístico e Natural.

O presidente Flávio Ribeiro do Val Marques afirma que a iniciativa partiu de conselheiros que representam o Executivo municipal e que o processo foi encampado pelos demais membros.

Tudo a Ler

Para ele, o tombamento é também uma ferramenta para integrar estudantes à leitura. “O tombamento do Fliv foi muito importante, pois vai eternizar o festival que nasceu de uma ideia de uma pessoa, mas que foi abraçado por uma cidade inteira. E, para muitos, é uma referência regional, diria até estadual, de trazer o jovem da escola para a parte lúdica da literatura.”

Representante do governo estadual na abertura do Fliv, a secretária de Cultura, Economia e Indústria Criativas, Marília Marton, lembrou de pesquisa que apontou o distanciamento da população do hábito de ler para ressaltar a importância de eventos culturais, sobretudo aqueles distantes da capital.

“A leitura é o princípio de tudo. Não há letra de música, não há roteiro de cinema, não há roteiro de peça de teatro, não há texto, não há nada. A literatura é o que faz o cérebro trabalhar com a imaginação, com a capacidade que a gente tem de criar.”