Segunda temporada de ‘Wandinha’ ganha trailer oficial na Netflix
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Com lançamento dividido em duas partes, nova temporada tem trailer com cenas de suspense e possível morte. Crédito: Reprodução/Youtube/Netflix Brasil
É apropriado que a segunda temporada de Wandinha, a derivada da família Addams da Netflix, seja lançada numa quarta-feira (Wandinha se chama Wednesday em inglês, como o dia da semana). Não é exatamente uma piada, e não é realmente tão inteligente, mas parece correto.
Essa não é a pior analogia para como sua primeira temporada encontrou um sucesso selvagem, quebrando recordes, tornando-se a série mais assistida da plataforma. Claro, havia uma trama excêntrica e tematicamente incoerente, mas a série pôde navegar em sua rica combinação de sensibilidades (estilo Tim Burton mais showrunners da era CW) ao lado de monstros, bruxas, detetives mirins, drama de ensino médio e pura nostalgia – sem mencionar a emocionante aparição de Christina Ricci, que soou como uma bênção implícita da atriz que tornou Wandinha um ícone gótico em A Família Addams e A Família Addams 2.
Jenna Ortega volta a se destacar na segunda temporada de ‘Wandinha’ Foto: Jonathan Hession/Netflix/Divulgação
A primeira temporada seguiu Wandinha (interpretada pela inigualável Jenna Ortega) enquanto ela lutava para navegar pela selva social de Nunca Mais, uma Hogwarts mais sinistra que é também o local onde seus pais, Mortícia (Catherine Zeta-Jones) e Gomez (Luis Guzmán), se conheceram – e foram acusados de seu primeiro assassinato. Para os fãs dos filmes ou da série original (ou, de fato, dos quadrinhos), a escola interna foi uma escolha surpreendente: Isolou Wandinha de seus icônicos pais e reduziu as interações com pessoas comuns que historicamente tornaram a família Addams tão agradável de assistir.
Mas a nova produção trabalhou arduamente para enfatizar que mesmo os acadêmicos monstruosos têm grupos, concursos de popularidade e pessoas “codificadas como normais” como Enid (Emma Myers), a alegre colega de quarto de Wandinha, que também é uma lobisomem. Quão bem isso funcionou é uma questão de opinião. Claro, é divertido as panelinhas da escola se dividirem por espécies, como Peludos (lobisomens), Fangs (vampiros), Stoners (górgonas) e Scales (sereias). Mas, com exceção das sereias, lideradas pela garota popular (e nêmesis de Wandinha) Bianca (Joy Sunday), a série não fez muito, conceitualmente, com nenhum desses tropos de ensino médio familiares.
Talvez a reviravolta mais estranha do spin-off no original foi dotar alguns dos membros da família titular com poderes: Mortícia e Wandinha têm visões psíquicas na série. Os paralelos com bruxas são explícitos e literais, não referências brincalhonas, e o elemento sobrenatural – junto com algumas coisas sobre linhagens e ancestrais – distrai dos prazeres campy que Mortícia oferecia como uma humana comum que voluntariamente se envolveu em uma aura sexy e bruxesca. De qualquer forma, Wandinha passa grande parte da primeira temporada tentando entender o que essas visões estão dizendo a ela, como controlá-las, e se ela pode de alguma forma usá-las contra o horrendo monstro de olhos esbugalhados que vem atacando brutalmente estudantes e moradores da cidade. (Spoiler: ela salva todos na escola.)
A segunda temporada começa com Wandinha contando diligentemente suas atividades de verão (dominando suas visões e capturando serial killers) e a família a levando de volta a Nunca Mais para um novo ano letivo, desta vez com seu irmão, Feioso (Isaac Ordonez), a tiracolo. Agora a desajustada mais popular da escola, ela passa muito do seu tempo desviando de novos fãs, incluindo uma jovem discípula ávida chamada Agnes DeMille (Evie Templeton), e novos docentes – em particular, Isadora Capri (Billie Piper), uma professora de música vagamente sinistra, e o Diretor Dort (Steve Buscemi), o substituto da falecida Diretora Weems.
Família Addams na segunda temporada de ‘Wandinha’ Foto: Helen Sloan / Netflix
Buscemi é uma escolha natural para este universo, e felizmente, há um novo mistério para investigar: pessoas estão aparecendo mortas, bicadas até a morte por um grupo de corvos. Há também uma ameaça mais pessoal – uma visão indesejada da morte de Enid faz com que Wandinha passe grande parte da primeira metade da temporada tentando descobrir como intervir.
Dito isso, muitos dos relacionamentos que pareceram estruturais na primeira temporada parecem difusos ou anêmicos nesta. O vínculo Enid-Wandinha é forte o suficiente para sobreviver às suas muitas cenas separadas, mas os outros personagens parecem isolados um do outro, e dela. O amigo nerd de Wandinha, Eugene (Moosa Mostafa), ainda está por perto, mas ele passa a maior parte do seu tempo em dupla com Feioso, cujo desejo de fazer amigos leva a dupla a uma desventura sombria.
Isso não é exatamente um problema; Wandinha não é realmente construída para nutrir grupos de amigos. E a nova temporada retoma as veias peculiares e engraçadas e a maternidade complexa das histórias anteriores. A relação materna distorcida do monstro de olhos esbugalhados na primeira temporada de Wandinha compartilhava algumas características com a relação entre Abigail Craven (Elizabeth Wilson), a mulher gananciosa em A Família Addams, e Tio Chico (Christopher Lloyd), seu filho adotivo. Wandinha, claro, tem uma relação problemática com Mortícia, e a segunda temporada finalmente desenvolve um pouco esse conflito – por meio de uma trama superficial de arrecadação de fundos que se torna um pretexto para reunir a família Addams em Nunca Mais. É um movimento na direção certa, mesmo que a causa raiz do conflito entre eles permaneça estranhamente mal definida. (É divertido, também, assistir Mãozinha – interpretado por Victor Dorobantu – agonizar sobre qual de suas duas senhoras obedecer.)
Uma alegria secundária da temporada (que às vezes ameaça sobrecarregar o enredo de monstros) é o elenco. Wandinha tem sido hiper-referencial desde o início, de uma maneira muito particular: ela entrelaça as obras e vibrações de atores e diretores específicos na história com um senso de diversão que neutraliza parte do gore. Lloyd – que interpretou Chico nos filmes – aparece na segunda temporada. (Chico, aliás, também aparece, interpretado mais uma vez por Fred Armisen.)
Ainda mais emocionante é uma nova personagem, interpretada por Heather Matarazzo, que os fãs do clássico cult Bem-Vindo à Casa de Bonecas reconhecerão instantaneamente como Dawn Wiener. Outras adições empolgantes incluem Haley Joel Osment, Thandiwe Newton e (isso me faz torcer por mais um spin-off) Joanna Lumley.
Dito tudo isso, Wandinha é tonalmente mais sombria do que seus predecessores, e isso às vezes parece travar a série, especialmente quando ela se desvia das travessuras bobas do ensino médio (como a notória sequência de dança na 1ª temporada). O spin-off sofre da mesma instabilidade conceitual que assolava os filmes originais, mas estes, sendo comédias, gerenciavam suas contradições com humor evasivo. (Por exemplo, por que Wandinha, que frequentemente tenta matar Feioso e se deleita com a morte, está tão empenhada em parar assassinos?) Este não é um universo moral capaz de sustentar muito escrutínio filosófico; isso torna seus monstros menos interessantes.
Felizmente, a série tem Ortega para fundamentá-la por si só. A notável presença de palco da pequena atriz infunde na adolescente suficiente humanidade – assim como inteligência e uma preocupação fria e real – para ancorar e às vezes justificar os horrores da série, bem como seus clichês e sua mitologia não totalmente convincente.
Os últimos quatro episódios de Wandinha vão estrear em 3 de setembro na Netflix.
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