É um assunto que tem dado dores de cabeça ao governo israelita há mais de um ano. Devem os judeus ultraortodoxos servir nas Forças de Defesa de Israel (IDF)? Num país em que o serviço militar é obrigatório depois da conclusão do ensino obrigatório para quase todos os jovens dos 18 aos 26 anos, esta minoria, que corresponde a cerca de 13% da população, recusa juntar-se às IDF, numa altura em que continua a guerra na Faixa de Gaza. No Parlamento israelita, existem vários partidos que representam os interesses dos judeus ultraortodoxos. Num clima de tensão que dura há vários meses, essas forças partidárias anunciaram na semana passada que iam abandonar o executivo, o que pode deitar por terra a maioria liderada por Benjamin Netanyahu — e pode abrir caminho para eleições antecipadas.
A união de dois partidos que anunciou inicialmente que ia bater com a porta foi a Judaísmo Unido da Torá (UTJ, sigla em inglês), de que fazem parte o Agudat Yisrael (com quatro deputados no Parlamento) e o Degel HaTorah (com três). Defendendo os interesses dos judeus ultraortodoxos de origem asquenaz (com raízes principalmente na Europa de Leste), os parlamentares abandonaram não só o governo na passada terça-feira, como romperam com a coligação de Benjamin Netanyahu.
Cerca de 24 horas depois, foi o outro partido ultraortodoxo, Shas, que defende os interesses dos judeus ultraortodoxos sefarditas (oriundos da Península Ibérica e do Norte de África), que divulgou que ia abandonar o governo. Contrariamente à UTJ, este partido — que tem onze deputados no Knesset — apenas saiu do executivo israelita, mas não retirou o apoio parlamentar à coligação.