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Saúde dental
Pesquisadores nos Estados Unidos estão desenvolvendo uma forma diferente e curiosa de aplicar vacinas: usando fio dental. A ideia é simples, mas inovadora. Em vez de agulhas, o fio dental seria impregnado com a vacina e passado no sulco gengival , aquele pequeno espaço entre o dente e a gengiva.
Essa região da boca tem um tecido chamado epitélio juncional, que é mais permeável e permite que substâncias entrem com facilidade no organismo. Foi essa característica que chamou a atenção do engenheiro em nanomedicina Harvinder Gill, da Texas Tech University. Ele e sua equipe decidiram testar se uma vacina poderia ser absorvida dessa forma.
Nos primeiros experimentos, feitos em camundongos, o fio dental foi colocado com uma proteína fluorescente, para verificar se realmente penetrava na gengiva. O resultado foi positivo: cerca de 75% da substância foi absorvida. Depois, aplicaram uma vacina contra a gripe usando a mesma técnica. Os animais desenvolveram uma boa resposta imunológica e, quando expostos ao vírus real, sobreviveram.
O método também foi comparado com vacinas aplicadas por spray nasal e sob a língua. O fio dental se mostrou mais eficaz que a forma sublingual e tão eficiente quanto o spray nasal , mas sem o risco de a vacina chegar ao cérebro, algo que pode acontecer pela via nasal.
Em um teste com 27 voluntários humanos, o fio dental, agora em formato de aplicador, foi usado com corante fluorescente. Em 60% dos casos, o produto atingiu corretamente o sulco gengival, mostrando que a ideia é viável na prática.
Os cientistas acreditam que, no futuro, vacinas nesse formato poderiam ser enviadas pelo correio e aplicadas em casa, sem agulhas e sem necessidade de refrigeração. Isso facilitaria campanhas de imunização, especialmente durante pandemias.
A novidade ainda está em fase de pesquisa. Os próximos passos incluem testes clínicos para verificar a segurança e a eficácia em humanos, além de entender se funciona bem em crianças ou pessoas com problemas gengivais. Mesmo assim, a “vacina do fio dental” já desperta curiosidade e esperança para um futuro com menos agulhas.
*Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal iG