Este é o maior espetáculo astronómico anual de verão. A chuva de meteoros Perseidas, que nesta noite de 12 para 13 de agosto atinge o seu pico máximo e brinda os terrestres com a magia do universo.

Quer esteja no Luxemburgo ou em Portugal, encontra-se no hemisfério norte, a melhor localização do planeta para assistir, a olho nu, a este “fogo de artifício” criado pela natureza: a intensa chuva de estrelas cadentes, que durante esta noite vão “cair” até 100 por hora, desenhando raios de luz na escuridão.

Quanto mais escuro estiver o céu, mais brilhante será o espetáculo. O que não será o caso este ano. É que a lua também decidiu estar num dos seus pontos altos: está lua cheia, com 80% de iluminação, o que “apaga” um pouco o protagonismo das Perseidas, explica ao Contacto o astrónomo Máximo Ferreira, diretor do Centro Ciência Viva de Constância – Parque de Astronomia.  

Mesmo assim, elas podem ser vistas a olho nu e, “mesmo que não se vejam as 100 por hora, surgem sempre, é um fenómeno que vale a pena observar”.

A melhor observação da chuva de meteoros é feita idealmente longe da poluição luminosa das cidades

Pierre Kelsen

Astrónomos Amadores do Luxemburgo

Em qualquer localização geográfica, “a melhor observação da chuva de meteoros é feita num local escuro, idealmente longe da poluição luminosa das cidades”, indica ao Contacto Pierre Kelsen, da associação de Astrónomos Amadores do Luxemburgo (Sartsäit- Amateur Astronomen Lëtzebuerg).

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Observação pública com especialistas

Aliás, esta associação vai organizar esta noite uma observação pública em Bourscheid, a partir das 21h00. Quem está no Luxemburgo pode aproveitar para assistir à chuva das estrelas cadentes na companhia de especialistas que enriquecem o espetáculo, com as suas explicações. Veja no site da Sartsäit onde decorre a observação.

Aos restantes amantes de astronomia, Máximo Ferreira aconselha que desfrutem da magia da chuva de meteoros com tempo, instalados confortavelmente, numa cadeira ou no chão, num local não iluminado, e se possível tentando esconder a lua cheia, para melhor visualizarem as Perseidas.

Vejam a estrela cadente e “peçam um desejo”

Nesta altura de férias, façam-no entre amigos e “divirtam-se”: “podem distribuir o céu por cada pessoa, porque os meteoros vão surgir em todas as partes do céu conforme a noite vai avançado, avisem cada um quando virem uma estrela cadente e até peçam desejos”.

A chuva de Perseidas não é novidade e ocorre todos os anos, entre finais de julho e agosto. O fenómeno acontece porque é quando a órbita da Terra atravessa a zona de detritos e partículas de poeiras deixadas pela passagem do cometa Swift-Tuttle, perto do sol, que foi descoberto em 1862, e orbita a cada 133 anos.

Quando estas partículas de poeiras, os meteoros, atingem a atmosfera da Terra a “alta velocidade” acontecem dois fenómenos: “entram em combustão e também em ionização, ou seja, o atrito com o ar, sobretudo com o oxigénio e azoto, gera temperaturas muito elevadas, produzindo efeitos muito luminosos”, explica o astrónomo português. São as estrelas cadentes a desenhar os raios de luz na noite à medida que se extinguem.

Estes meteoros ficaram denominados como Perseidas porque parecem emanar principalmente de uma mesma zona, que em astronomia, se chama o radiante. E este radiante fica próximo da constelação Perseus, daí o nome Perseidas.

Localizem primeiro a constelação Cassiopeia, em forma de W, que está à direita da Estrela Polar. A constelação Perseus está um pouco mais abaixo

Máximo Ferreira

Diretor do Centro Ciência Viva de Constância – Parque de Astronomia.  

De onde parte a chuva de meteoros?

Como localizar no céu a constelação de Perseu? É fácil. “Olhando para o lado norte, localizem primeiro a constelação Cassiopeia, em forma de W, que está à direita da Estrela Polar. A constelação de Perseu está um pouco mais abaixo. No Luxemburgo começa por estar junto do horizonte”.  

Depois, imagine que abre um guarda-chuva e aponte a haste à constelação Perseus. “As estrelas cadentes vão surgir nas direções das varetas do guarda-chuva ao início da noite, mas depois vão espalhar-se por todo o firmamento com o avançar da noite. Vão aparecer de qualquer lado”, indica Máximo Ferreira.

O espetáculo começa mal a noite caia, e é de aproveitar logo antes que a lua cheia atinga o seu ponto mais alto para “estragar” um pouco a festa, pela meia-noite em Portugal e uma da manhã no Luxemburgo. Sem a luz da lua, as estrelas cadentes brilham mais, sozinhas no firmamento.

Lágrimas em brasa caem do céu

Na cultura europeia, a chuva de Perseidas é também conhecida pelas “Lágrimas de S. Lourenço”, sobretudo em Espanha, vinca Máximo Ferreira. S. Lourenço foi um diácono romano, nos anos 250 D.C. e que foi queimado vivo na grelha em brasa, no mês de agosto, pelo então imperador de Roma que queria destruir o cristianismo.

Tornou-se um mártir e a chuva de Perseidas é vista pelos cristãos como as lágrimas em brasa de S. Lourenço por ocorrer também em agosto. Siga os conselhos do especialista e passe uma noite diferente e divertida sob a magia dos astros.

Com Filipa Matias Pereira