Foi, por isso, ganhando a confiança do líder russo. Nos últimos meses, Sergei Kiriyenko substituiu o ainda conselheiro, Dmitri Kozak, que criticou em privado a invasão da Ucrânia. Bastante mais flexível e descrito como “oportunista” pelos críticos, o antigo primeiro-ministro foi ocupando o seu lugar, sendo o responsável por supervisionar a política externa russa não apenas na Ucrânia, como em todos os países que pertenceram à União Soviética. E, portanto, Putin deve já tê-lo chamado para o ouvir antes do encontro com Trump e até sobre se esse encontro devia acontecer, onde e como.

Agora, o vice-chefe de gabinete chegou mais alto do que nunca no Kremlin e tem efetivamente capacidade de influenciar Vladimir Putin. “Ele é muito flexível, nunca vai contra o rumo do vento”, classifica ao Le Figaro um antigo aliado, Vadim Prokhorov. O dissidente russo, Ilya Yashin, concede ao New York Times que Sergei Kiriyenko é bastante “eficaz” no seu emprego — mas denuncia que é “totalmente oportunista”. Se um dia o Presidente russo quiser restabelecer ligações com o Ocidente, “Kiriyenko vai certamente concordar com isso e encontrar uma justificação”.

Existe ainda uma hipótese para o futuro deste ambicioso vice-chefe de gabinete: chegar a presidente da Rússia. Apesar da profunda modificação que sofreu — de alguém que defendia uma economia de mercado para um político nacionalista e apoiante de uma invasão —, existe a teoria de que Sergei Kiriyenko poderá estar a preparar terreno para substituir Vladimir Putin.