O equatoriano Jonathan Caicedo, da Petrolike, venceu esta quinta-feira a sétima etapa da Volta a Portugal, resistindo ao ataque final de Artem Nych (Anicolor), que conseguiu o segundo lugar no alto da Torre, consolidando a liderança da prova, onde passa a ter o companheiro de equipa Alexis Guérin a 46 segundos e o colombiano do Tavira-Farense e grande derrotado do dia, Jesús Peña, a 1m20, na classificação geral.

A etapa acabou por consagrar um dos integrantes da fuga do dia, o experiente equatoriano, 29.º à partida, a mais de 9 minutos do líder, que surpreendeu Gonçalo Leaça, da Credibom LA, ultrapassando o português nos últimos três quilómetros para ser o primeiro da etapa que ligou Sabugal à Covilhã (179,3 km) e que poderá ter determinado o vencedor da 86.ª edição.

Leaça de “amarelo”

Leaça foi durante grande parte da tirada que teve mais de 9 minutos de vantagem para o pelotão o virtual camisola amarela. Mas o final reservou-lhe apenas o terceiro lugar, à frente de Guérin, que ascendeu ao segundo lugar da geral.

Jesús Peña era tido como favorito para a etapa-rainha da Volta, mas o ataque do colombiano, já dentro dos últimos 10 quilómetros, apenas revelou um dia difícil do ciclista do Tavira-Farense, incapaz de responder ao contra-ataque do russo Artem Nych e à estratégia da Anicolor.

A três dias do desfecho da Volta, que reserva ainda uma penúltima etapa com a subida de primeira categoria do Montejunto e o “crono” de 16,7 km de Lisboa, Artem Nych jogou uma cartada decisiva para repetir a vitória de 2024.

No final, depois de reconhecer o trabalho da equipa e em particular de Pedro Silva, o ciclista russo só lamentou terem deixado a fuga ir demasiado longe, impedindo-o de anular os 33 segundos de vantagem conseguidos por Caicedo no final da etapa para garantir o triunfo.

Candidatos juntos na Covilhã

Foi um dia com dois momentos distintos, com o primeiro a ser marcado por uma fuga que chegou a dispor de quase 10 minutos de vantagem e o segundo, com a entrada na Covilhã, a lançar a corrida dos candidatos.

Nessa luta, definida nos últimos 20 quilómetros, a equipa de Jesús Peña começou por impor o ritmo que reduziu o grupo do camisola amarela a uma dúzia de ciclistas.

Por seu lado, ciente dos créditos de trepador do colombiano, a Anicolor montou uma estratégia que se revelou infalível, com Pedro Silva a distanciar-se num ataque que não obteve resposta dos rivais “algarvios”, permitindo que Alexis Guérin, quarto da geral à partida, testasse, pouco depois, os nervos de Jesús Peña, ao desferir a segunda vaga de ataque da formação do líder.

Nych responde a Peña

Com dois companheiros cirurgicamente posicionados para colocar em prática o grande plano do dia, Artem Nych esperou pelo ataque de Jesús Peña. O primeiro e último do colombiano, a 9,7 km da Torre, que apenas serviu para alcançar Guérin, permitindo que Nych contra-atacasse em força antes das Penhas da Saúde.

O russo tinha à espera Pedro Silva, que ajudou a cavar um fosso para Peña e Byron Munton, vencedor na Senhora da Graça, já que Guérin completou o plano, indo em busca dos companheiros para formar um trio implacável no ataque final à Torre.

Psicologicamente, Peña estava destruído, o que se reflectiu no final, onde perdeu mais de um minuto para Artem Nych, mostrando, ainda, total incapacidade para conservar o segundo lugar – de resto, Byron Munton ficou a um segundo do terceiro lugar do colombiano.

Já sem Pedro Silva, Nych e Guérin perseguiram Caicedo e Leaça, com o russo a assumir a solo o ataque aos dois ciclistas da frente. Depois de uma primeira fase da subida mais exigente, os corredores enfrentavam o vento e a altitude.

A capacidade física e mental acabaria por determinar o triunfo de Caicedo e o segundo lugar de Artem Nych, que já não teve tempo para chegar à vitória na etapa.

Mesmo assim, com a vantagem conquistada face aos rivais, a Nych basta gerir esta margem no Montejunto e confirmar no contra-relógio final, onde é favorito, um triunfo praticamente certo na Serra da Estrela.