Quase no fim deste romance que muitas vezes se assemelha a uma montanha-russa, a narradora sofre o efeito de uma labirintite, inflamação do ouvido que provoca vertigens. “No momento em que fechei os olhos senti como se estivesse a cair de uma grande altura.” Pouco depois, acontece de novo: “Um mergulho nauseante, como quando o elevador cai de repente.” Não deixa de ser irónico que a cena decorra no 34º andar de um hotel de Nova Iorque, justamente a cidade a que ela tencionava chegar quatro anos antes, numa viagem on the road que não chegou a concretizar-se. Irónico também porque há na família a sombra de dois suicídios, de uma avó e de uma tia, na casa dos 50 anos, provavelmente por não saberem lidar com a mudança da idade, ambas tão desesperadas que saltaram da janela (a “mesma janela”). Ironia negra, porque a protagonista teme que talvez seja a seguinte nesta “linha matriarcal”.

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