A Polícia Metropolitana de Londres (Met) anunciou que 146 pessoas já se apresentaram para denunciar crimes no âmbito da investigação a Mohamed Al Fayed, antigo dono da loja de luxo Harrods e do clube de futebol Fullham, que morreu em agosto de 2023, aos 94 anos, avançou a Sky News.

Entre as alegações estão crimes sexuais, incluindo violações, que terão ocorrido ao longo de quase quatro décadas.

Numa atualização em vídeo, enviada às vítimas, a polícia informou que tanto mulheres como homens denunciaram crimes, e várias novas testemunhas contactaram a polícia para prestar depoimento, segundo a BBC.

“Continuamos a apoiar todas as vítimas e apelamos a qualquer pessoa com informações — quer tenha sido diretamente afetada pelas ações de Mohamed Al Fayed, quer tenha conhecimento de outros que possam ter estado envolvidos ou cometido crimes — que se apresente”, apelou um porta-voz da Met na atualização.

No entanto, a inspetora-detetive Karen Khan reconhece que existe “relutância” por parte das vítimas em confiar na polícia.

No mês passado, a polícia escreveu às alegadas vítimas um pedido de desculpas, afirmando estar “profundamente arrependida” pelo sofrimento causado pelo facto de Mohamed Al Fayed nunca enfrentar a justiça.

O número mais recente de denúncias é mais do que o dobro das 61 que os agentes tinham divulgado em outubro de 2024.

A extensão do comportamento de Al Fayed foi exposta por um documentário e um podcast da BBC, transmitidos em setembro do ano passado. O programa Al Fayed: Predator at Harrods dava conta do testemunho de mais de 20 antigas funcionárias dos Harrods que afirmavam ter sido vítimas de agressão sexual ou violação por parte de Al Fayed.

Foi apenas após a transmissão que a Met revelou ter sido contactada, antes da morte do empresário, por 21 mulheres que o acusaram de crimes sexuais, incluindo violação, agressão sexual e tráfico de pessoas, ocorridos entre 2005 e 2003.

Em outubro de 2024, um mês após a transmissão do documentário, mais 40 denúncias foram formalmente apresentadas, abrangendo o período entre 1979 e 2013. A polícia acredita que a vítima mais jovem teria apenas 13 anos.

A Met anunciou também que está a conduzir uma investigação sobre a forma como tratou alegações iniciais contra o antigo proprietário dos Harrods e do Fulham FC. Em causa estão possíveis falhas e oportunidades perdidas, incluindo possíveis casos de corrupção envolvendo antigos ou atuais agentes. Neste âmbito, cinco indivíduos não identificados estão a ser investigados por suspeita de terem facilitado ou permitido os abusos, avança a BBC.

A administração da Harrods manifestou-se após a investigação da BBC, dizendo sentir um “profundo horror” com os detalhes revelados pelas vítimas, deixando, também, um pedido de desculpas.

Em julho deste ano, a Harrods afirmou que mais de 100 vítimas dos abusos tinham aderido ao seu esquema de indemnização – os candidatos elegíveis poderão receber até 385 mil libras (cerca de 446 mil euros) de compensação, mais custos de tratamento, caso aceitem ser avaliados por um psiquiatra, ou até 150 mil libras (cerca de 173 mil euros) sem avaliação médica, afirmou a Harrods em março. Este programa permanecerá aberto até 31 de março de 2026.

Também é oferecida aos beneficiários uma reunião com um representante sénior da empresa para receber um pedido formal de desculpas.

Segundo o The Guardian, a dimensão da criminalidade tornaria Al Fayed um dos mais notórios agressores sexuais do Reino Unido. Apesar disso, Mohamed Al Fayed nunca foi acusado de qualquer crime.

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