Em vez de tentar controlar máquinas superinteligentes como chefes autoritários, a humanidade deveria criá-las para agir como mães protetoras. Essa é a visão de Geoffrey Hinton, cientista da computação conhecido como o “padrinho da IA”.

Durante a conferência Ai4, realizada esta semana em Las Vegas, nos Estados Unidos, ele disse que os sistemas deveriam ser projetados com “instintos maternais” integrados para que protejam o ser humano.

“Temos que fazer com que, quando eles forem mais poderosos e inteligentes do que nós, eles ainda se importem conosco”, destacou Hinton, citado pelo Business Insider.

O especialista ainda criticou a abordagem “tech bros”, dos atuais comandantes das empresas que estão na linha de frente no desenvolvimento da IA, para manter o domínio sobre a tecnologia. “Isso não vai funcionar”, afirmou, acrescentando que o melhor modelo é quando um ser mais inteligente é guiado por um menos inteligente, como uma “mãe sendo controlada por seu bebê”.

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Sendo assim, para ele, a pesquisa atual deve se concentrar não apenas em tornar a IA mais inteligente, mas “mais maternal para que se importe conosco, seus bebês”.

“Esse é o único lugar onde teremos uma colaboração internacional genuína porque todos os países não querem que a IA tome o controle das pessoas”, observou. “Seremos seus bebês. Esse é o único bom resultado.”

Hinton, relata reportagem do BI, há muito alerta que a IA está avançando tão rapidamente que os humanos podem não ter como impedi-la de assumir o controle.

Em uma entrevista em abril para a CBS News, ele comparou o desenvolvimento da tecnologia à criação de um “filhote de tigre” que um dia pode se tornar mortal.

“É um filhote de tigre tão fofo. Agora, a menos que você tenha certeza absoluta de que ele não vai querer te matar quando crescer, você deveria se preocupar”, recomendou.

Uma de suas maiores preocupações é a ascensão dos agentes de IA, sistemas que podem agir de forma autônoma. “As coisas ficaram, no mínimo, mais assustadoras do que antes”, completou Hinton.