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“Mas que grandissíssimo filho da p…!”, deve ter pensado Paul McCartney, em 14 de agosto de 1985, quando soube que Michael Jackson, até então seu amigo e parceiro musical, comprou em segredo 250 músicas compostas por ele e John Lennon, por 47,5 milhões de dólares. A partir daquela data, se McCartney quisesse regravar sua própria música, teria de dar ao fura-olho valores que chegavam a até 250 mil por música, em valores da época. E a história só piorava: quem explicou todo o caminho para adquirir as canções foi o próprio Beatle, confidenciando a Jackson que estava planejando reaver os direitos das suas músicas, três anos antes.
Em 1982, Paul McCartney convidou o prodígio do pop para uma visita em sua casa, na Inglaterra. Um encontro de gigantes, que resultou na composição de Say, Say, Say, um baita hit para ambos. O encontro de um ex Beatle com um garoto que se tornava um dos maiores astros da música pop foi fraternal. O mais experiente explicou a Michael os dilemas que enfrentou quando vendeu os direitos das músicas dos Beatles para a editora ATV, uma escolha errada que ele não queria ver o novo amigo replicar. No encontro, Paul também contou que estava lutando para recomprar os direitos ao lado de Yoko Ono, mas a grana ainda era alta demais para eles.
A visita gerou uma forte amizade entre os dois, que compuseram mais uma canção juntos, The Girl Is Mine, escolhida como faixa de trabalho do álbum Thriller, um dos mais bem sucedidos álbuns da história da música pop. Um sucesso monstruoso, que rendeu à Michael Jackson, segundo a revista Forbes, 134 milhões de dólares, somente nos primeiros dois anos de lançamento.
Sentado na grana, o que Jackson fez? Lembrou-se dos conselhos de McCartney e correu para usar seu lucro comprando direitos de músicas de outros artistas como Dion, Sly Stone… Beatles! Fazendo justiça aqui, Michael Jackson chegou a avisar o amigo que estaria prestes a arrematar os direitos de sua ex banda, mas segundo Paul McCartney, ele pensou ser uma piada. Recomprar as próprias músicas era um objetivo declarado, um projeto. Frustrado pelo milionário autor de Thriller.
Sentindo-se traído, Paul McCartney se afastou de Jackson. Acabou a amizade. Até hoje, o Beatle nunca conseguiu reaver seus direitos a nível internacional. Nos Estados Unidos, conseguiu recuperar uma parte através de processos judiciais. Para o resto do planeta, no entanto, tudo hoje pertencer à Sony Music.
“Acho duvidoso… ser amigo de alguém e então comprar uma coisa que ele estava lutando para ter“, declarou Paul McCartney em sua biografia. Ao jornal inglês The Guardian, Jackson respondeu: ““Se ele não queria investir US$ 47,5 milhões nas próprias músicas, então não deveria chorar para mim agora”.