Como se explica esta situação em Portugal, com tantos incêndios seguidos?
Realmente é um pouco difícil de compreender e de explicar. Mas, na verdade, são as circunstâncias, por um lado, do ano que estamos a ter, em termos de condições climáticas, com um período de chuva muito prolongado durante o inverno que fez crescer a vegetação, e agora estamos com várias semanas, quase dois meses e meio, de calor e temperaturas altas, em que aquela vegetação está agora mesmo seca e pronta para arder. E é o que nós estamos a ver por todo o território, que há condições para que qualquer ignição possa dar origem a um foco de incêndio que se vai propagando e que, se tiver condições, como infelizmente há no nosso território de orografia, por vezes de vento, que faz com que fiquem fora de controlo. Infelizmente, temos tido dias sucessivos com ignições novas que vão aparecendo e o sistema vai tendo dificuldade em gerir os incêndios que já tem, que vão crescendo, que são muito grandes que se tornam difíceis vigiar.

Segundo um levantamento do JN, este ano, com 6161 fogos, dados até ao dia 15, a área ardida era a sexta maior dos últimos 25 anos, mas o número de incêndios é o quarto mais elevado. Que explica esta situação, de menos fogos e mais área ardida?
Por um lado, essa vegetação muito seca que está a favorecer a propagação do fogo. Não estão a ser cada um desses incêndios que se propagam com grande velocidade, como tivemos por exemplo em 2017 e no ano passado com um vento muito forte. Estamos a ter incêndios que se propagam em velocidades relativamente baixas ou médias. Agora, o que são é muitos e, digamos, a sua extensão e o seu número torna difícil que haja uma extinção completa. O problema com esta sucessão de dias quentes, é que cada dia que passa vai ser pior que o anterior, mesmo que a temperatura não aumente. Portanto a situação só vai mudar se vierem chuvas. Porque quando as temperaturas são altas e a humidade baixa, o estado de secura é maior e, portanto, as condições vão-se agravando. E é isso que estamos a ver praticamente desde o início do mês de julho.

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