Se está de férias, eis o momento certo para responder a uma pergunta. Conhece os valores do seu colesterol? Posso aproveitar e colocar outra? No último ano, contactou um profissional de saúde para avaliar fatores de risco relacionados com doenças cérebro-cardiovasculares ou eventos como AVC ou enfarte? Temos um inquérito e as suas respostas podem ser muito úteis. Se já estiver de regresso ao trabalho, responda. É rápido, perde menos de 30 segundos. Participe AQUI.
Costuma ser uma frase feita, mas não deixa de ser verdade: a saúde não tira férias. Eu sei, já a ouviu dezenas de vezes. Mas, de facto, “não acontece só aos outros”. Outra frase feita. Prometo que é a última. E ainda que este seja o mês de descanso por excelência, em que tudo pode esperar ou ser adiado para o regresso das rotinas, sabemos que os imprevistos acontecem e que podemos continuar atentos aos nossos hábitos.
Foi precisamente a sair da praia e durante as minhas férias que recebi a notícia de que o ex-capitão do Futebol Clube do Porto e diretor de futebol profissional do clube, Jorge Costa, morreu, aos 53 anos, com uma paragem cardiorrespiratória. Primeiro, veio o choque. Depois, as várias partilhas sobre a imprevisibilidade da vida e de como se considera uma perda, como esta, tão prematura. O antigo futebolista já tinha tido um enfarte, em 2022. No Arterial, temos focado em vários artigos o risco aumentado que uma pessoa tem depois de um primeiro evento. E o Observador ouviu Hélder Pereira, cardiologista e ex-presidente da Sociedade Portuguesa de Cardiologia, sobre os cuidados a ter após um enfarte. Pode ouvir aqui.
Acabámos de publicar um artigo que certamente irá despertar o interesse dos utilizadores de smartwatches, os chamados relógios inteligentes. A jornalista Susana Marvão fez um trabalho de investigação, analisou várias páginas de estudos, e falou com especialistas sobre o contributo da tecnologia e da Inteligência Artificial (IA) na prevenção de doenças cardíacas.
Contar passos, medir a frequência cardíaca e alertar para a irregularidade nos batimentos, monitorizar o sono e o descanso, medir o oxigénio são algumas das funcionalidades destes smartwatches, cuja utilização está em crescimento, sobretudo em mulheres e homens dos 25 aos 44 anos. Estes são alguns dos muitos dados a que pode aceder neste artigo onde falamos do coração conectado, que conta com imagens da designer Marina Chen, e onde pode aceder a estudos que indicam que o recurso a estes relógios alertam para sintomas que conduzem a doença cardíaca, como as arritmias. Não diagnosticam, mas notificam o utilizador, que pode procurar um médico e confirmar a suspeita.
Apesar das vantagens, tanto para doentes como para médicos e outros especialistas, ouvimos o outro lado: que problemas éticos podem trazer algumas inovações de IA? O que poderemos antecipar e esperar? Como equilibrar os benefícios e os limites legais ou outros? Quisemos saber a opinião de Francisco Araújo, internista, e de Miguel Nobre Menezes, cardiologista. Sugiro a leitura.
Ainda que a tecnologia ao dispor seja um “observador silencioso”, como refere Susana Marvão no seu texto, o facto é que uma consulta presencial faz toda a diferença. E se tantas vezes ouvimos que a porta de entrada para a promoção da saúde e a prevenção de doenças passa por uma consulta no centro de saúde, sabemos que mais de um milhão e setecentas mil pessoas não têm médico de família atribuído. É por isso normal que as pessoas “se sintam perdidas no sistema”, como referido por Bruno Moreno, médico de família e vice-presidente da Associação Nacional das Unidades de Saúde Familiares. O convidado do podcast Se eu fosse Ministro da Saúde, afirmou que os doentes devem ser “o centro dos cuidados” e quando “devidamente controlados, vão menos à urgência e têm menos complicações”. Logo, teríamos todos a ganhar, enquanto país, em garantir um médico para cada doente. Nesta conversa, falámos sobre as barreiras que os médicos de família enfrentam atualmente para um adequado seguimento dos utentes.
Num outro artigo, assinado por Susana Marvão, e design de Marina Chen, alguns dados deixam o alerta. “Em 2023, uma pessoa morreu a cada hora em Portugal devido a doenças cerebrovasculares. Apesar das recomendações, menos de metade dos doentes com AVC tem acesso a internamento especializado.” Em vários hospitais, a unidade de AVC existe, mas não têm capacidade para receber todos os doentes que chegam”, explica a neurologista e membro da direção da Sociedade Portuguesa do AVC, Diana Aguiar de Sousa. Noutros hospitais, “a unidade ainda não foi criada”, acrescenta.
Frederico Sacramento sempre foi desportista e considerava-se uma pessoa saudável antes de ter um enfarte durante uma corrida de trail (corrida de montanha), em setembro de 2023. “Não ia ao médico, não fazia exames e não tinha a mínima ideia de qual era o meu estado de saúde”, partilha no episódio Quando a minha vida mudou, com entrevista de Sofia Teixeira, com imagem de Nuno Neves [também responsável pela edição e pela realização] e Rodrigo Mendes. Apesar de fazer muito exercício físico, tinha peso a mais, e o episódio agudo e urgente veio a confirmar que tinha colesterol alto.
Perante uma dor no peito e vómitos decidiu desistir aos dez quilómetros da corrida, mas achou que este mal-estar iria passar e não chegou a pedir socorro. Felizmente, quem estava ao redor teve a atitude correta e alguns presentes pediram ajuda aos bombeiros. “Só quando eu vi a urgência nos gestos e na cara dos socorristas é que percebi que estava mal.” Frederico foi submetido a um cateterismo [procedimento médico invasivo que permite diagnosticar e, em alguns casos, tratar problemas no coração e nos vasos sanguíneos] que o salvou em “45 minutos” no Hospital de Leiria. O impacto na vida viria a seguir quando, de repente, um homem habituado a praticar desporto se viu a braços com a dificuldade em subir escadas. Passou pelo que chama de “crise de identidade”, que teve um impacto “muito grande a nível emocional e psicológico”
Depois do internamento regressou a Lisboa com indicação de necessidade de reabilitação cardíaca, mas ficou à espera, e só passados quatro meses, é que foi chamado. “Tive o enfarte a 17 de setembro de 2023 e só comecei a reabilitação em janeiro de 2024.” Foi um período em que esteve medicado, mas em que se sentiu “muito desamparado, sem saber o que fazer”. Os atrasos na reabilitação cardíaca são um dos problemas que alguns sobreviventes enfrentam. E continuamos a enfrentar condicionantes ao acesso.
Se chegou até aqui, permaneça. Gostava ainda de deixar um alerta que é recorrente todo o ano, mas que ganha novos contornos no Verão, época em que as reservas de sangue nos hospitais portugueses são reduzidas. O Instituto Português do Sangue (IPST) e da Transplantação lançou a campanha “Verão é tempo de descansar, mas a ajuda não pode parar! Dê Sangue! Nestas férias, seja o herói que os doentes precisam”, que integra sessões de colheita em todo o país até 15 de setembro. No site Dador é possível ver os locais onde é possível doar sangue e conhecer centros de colheita regulares.
Esteja de férias ou a trabalhar o nosso breve questionário continua à sua espera. Por isso, volto a convidá-lo a responder. Queremos perceber se tem a preocupação de saber mais acerca dos seus fatores de risco e se considera que os meios de comunicação social podem ajudá-lo a conhecê-los melhor e a sensibilizá-lo para uma vida mais saudável. As suas respostas importam. Participe AQUI.