Ano após ano, em períodos críticos de incêndios no país, um vídeo de Ramalho Eanes no combate aos fogos volta a circular nas redes sociais. “Há uma gigantesca diferença entre um presidente a sério, Ramalho Eanes, que despiu o casaco e foi ajudar a combater o fogo, e estas bostas que nos governam hoje…Aprendam a votar porra!“, lê-se num “post” partilhado esta sexta-feira.

Tal como em 2024, esta imagem permanece verdadeira. Estávamos em 1980 quando um incêndio florestal deflagrou junto de uma povoação na Serra da Lousã. A RTP, em reportagem, contava a história assim: “A desconfiança entre o Governo e o Presidente da República é cada vez mais acesa. Cada uma das partes esforça-se para que a outra não transponha as fronteiras das competências.”

É precisamente durante esta última frase que a câmara filma Eanes a saltar de uma vala para se aproximar de uma zona a arder. Por enquanto, ainda está de fato. É com ele que começa a apagar as chamas com ramos de eucalipto. Uns segundos depois, Eanes é visto, já sem blazer, junto a militares da GNR e outros civis, que se reunem perto de pilhas de madeira.

Depois, a calma: um homem é visto a transmitir, via rádio, uma ordem do então Presidente da República que manda que sejam enviados “imediatamente” aviões para combater o incêndio. Numa última imagem, Eanes é acompanhado pelo jornalista da RTP que lhe pergunta se não correu um “grande perigo”. A resposta é, ainda hoje, citada em várias publicações que homenageiam o antigo Chefe de Estado: “Não. O que era preciso era acalmar as pessoas.”

O jornalista insiste e fala pelo “o povo” que “se queixa da falta de resposta dos bombeiros”. Eanes não desenvolve: “Talvez o sr. ministro da Administração Interna possa dizer alguma coisa sobre isso.” 

“Como é que devo interpretar as palavras do sr. Presidente?”, questiona o repórter. “É preciso olhar para estas coisas de uma maneira planeada, programada, e creio que isso é responsabilidade de todos nós”, responde Eanes, que é ainda visto a lavar a cara com água de um balde, que lhe é oferecida por uma habitante.

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