A busca obsessiva por corpos “secos” e definidos pode ter efeitos adversos na saúde e estética facial. Médicos alertam para os riscos associados à perda extrema de gordura corporal, que acelera o aparecimento de flacidez e sinais de envelhecimento, principalmente no rosto.
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Nos últimos anos, a obsessão pela redução extrema de gordura corporal, promovida por ideais de magreza extrema e impulsionada pelas redes sociais, tem levado muitas pessoas a buscar a definição muscular a qualquer custo. O uso de medicamentos antiobesidade e esteroides anabolizantes para alcançar esse objetivo tem se tornado comum. No entanto, esse caminho pode resultar em um “deserto” facial, onde a gordura essencial desaparece, deixando a pele sem sustentação, o que acentua flacidez e provoca o aparecimento precoce de rugas.
— Os compartimentos de gordura da face funcionam como um arcabouço, dando sustentação à pele. Quando o paciente emagrece, ou à medida que envelhece, ocorre uma atrofia dessa gordura, o que leva ao desabamento dos tecidos e ao surgimento de rugas — explica o dermatologista Renato Soriani, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD).
A dermatologista Cindy Matsumoto, também membro da SBD, detalha que o tecido adiposo facial está dividido em camadas superficiais e profundas, separadas por uma rede fibromuscular chamada Sistema Músculo Aponeurótico Superficial (SMAS). — O tecido adiposo age como o ‘recheio’ da pele, moldando o contorno do rosto. Quanto maior for a perda de peso e menor o tempo entre ela, maior será a sensação de ‘derretimento’ da face — acrescenta.
O impacto dos esteroides e medicamentos no rosto
Esteroides anabolizantes e medicamentos antiobesidade, como Ozempic e Mounjaro, têm se tornado populares no processo de emagrecimento. Contudo, o uso acelerado dessas substâncias pode provocar um afinamento facial excessivo.
— A perda rápida de peso com medicamentos pode levar ao afinamento de áreas que já perdem volume naturalmente com a idade, como as têmporas e a região malar, acentuando sulcos e flacidez — alerta Dra. Cindy.
O emagrecimento rápido proporcionado por esses medicamentos não dá tempo para que o corpo se ajuste à nova composição. — Ao contrário do emagrecimento gradual, que permite ao corpo se adaptar lentamente, o emagrecimento medicamentoso acelera esse processo, expondo características de envelhecimento que estavam disfarçadas pela gordura — diz Lilian Brasileiro, médica da SBD.
A perda acentuada de gordura facial não é facilmente reversível e pode exigir intervenções estéticas.
— Além dos preenchedores com ácido hialurônico, técnicas como o Lipoglow, que utiliza gordura do próprio paciente, têm se mostrado eficazes. O procedimento transforma a gordura retirada em material rico em células-tronco e fatores de crescimento, promovendo um rejuvenescimento global da face — pontua Dr. Renato.
Cirurgias reparadoras de flacidez, como lifting facial e lifting de mama, também se tornaram mais comuns. O aumento da procura por esses procedimentos é um reflexo das mudanças faciais e corporais causadas pela perda drástica de gordura.
Dr. Carlos Manfrim, cirurgião plástico, explica que o uso de anabolizantes pode alterar a estrutura dos seios, já que a mama é composta por gordura e glândula mamária. — A cada 1kg perdido, cerca de 30g de tecido mamário também desaparecem, o que pode resultar em seios mais flácidos e caídos — pontua.
Por fim, Heloise Manfrim, especialista em cirurgia plástica, destaca que a lipoenxertia, técnica que utiliza gordura do próprio paciente para remodelar áreas do corpo e rosto, tem se tornado uma alternativa eficaz para restaurar volume e melhorar a aparência.
— É fundamental que os pacientes busquem orientação médica para um diagnóstico preciso e um plano de tratamento personalizado — conclui a cirurgiã.