É possível que os jogadores não concordem, mas, na opinião do antigo chefe da PlayStation, os preços dos videojogos deveriam ser mais altos, aumentando a cada geração de consolas.

PlayStation 5

Numa entrevista à GamesIndustry.biz, Shawn Layden, antigo chefe da PlayStation nos Estados Unidos, observou que o preço dos videojogos premium permaneceu praticamente consistente nos últimos 20 anos.

No mercado norte-americano, no qual o ex-executivo se baseou para as declarações, 70 dólares tornou-se o padrão para videojogos premium, no final de 2020. Antes disso, manteve-se nos cerca de 60 dólares durante cerca de 15 anos.

Para o ex-chefe da PlayStation, os preços não subiram significativamente nas últimas duas décadas, apesar dos orçamentos dos jogos estarem cada vez mais altos, “porque todos têm medo”.

Ninguém quer ser o primeiro a aumentar o preço, porque tem medo de perder tráfego. Então, o que se faz é acabar por comer a receita operacional, a margem de lucro.

Havia mais carros desportivos no parque de estacionamento na era da PS1 do que na era da PS4, porque vender a 60 dólares 20 milhões de unidades de algo que custou apenas 10 milhões de dólares para ser produzido é diferente de vender a 60 dólares 20 milhões de unidades de algo que custou 160 milhões de dólares para ser produzido.

Na opinião de Layden, o preço dos videojogos deveria ter aumentado gradualmente a cada nova geração de consolas, em vez de a indústria acreditar que “enquanto crescemos, mesmo que não estejamos a ganhar dinheiro, de alguma forma não podemos morrer”.

As empresas chegaram a um ponto em que os orçamentos dos videojogos são tão altos que elas precisam de vender milhões de cópias para recuperar o dinheiro. Na perspetiva de Layden, “a menos que se seja a Rockstar, não se deve esperar vender 25 milhões de unidades”.

 

Manter o preço dos videojogos sufoca a inovação pelas empresas

Segundo o ex-executivo, por forma a contornar o aumento dos preços, as empresas têm adotado táticas como aumentar o preço médio dos conteúdos, desde edições especiais ou de colecionador até extras dentro dos próprios jogos.

Na entrevista, Shawn Layden alertou que vender videojogos a 70 dólares sufoca a inovação, uma vez que os estúdios que os produzem estão menos dispostos a arriscar.

Ainda que orçamentos elevados nem sempre resultem em videojogos de qualidade, margens mais largas poderiam estimular as empresas a criar conteúdos melhores.

Entretanto, a resistência aos videojogos mais caros parece manter-se, mas, aparentemente, as empresas estão a reagir de formas diferentes: por um lado, o Outer Worlds 2, que deveria ser o primeiro jogo para a Xbox da Microsoft a custar 80 dólares, viu o seu custo reduzido para 70 dólares; por outro, os lançamentos originais para a nova Nintendo Switch 2, como Mario Kart World, custam 80 dólares.