Julia Barandier recria antepassado em seu segundo romance, ‘Consigo inventar tudo’
Noite de autógrafos será nesta terça (19), às 19h, na Livraria Argumento, no Rio de Janeiro
Julia Barandier
Pintor e retratista francês do século XIX, Claude Barandier (1807-1877) fez carreira no Brasil dentro do contexto da pintura acadêmica da Missão Francesa, que seguia os padrões neoclássicos e valorizava a estética greco-romana. Barandier veio para os trópicos em 1838 e morou no Rio de Janeiro, onde circulou entre a elite da corte portuguesa, retratou nobres, artistas e até mesmo o imperador Dom Pedro II, e em Campinas.
Esses fatos de sua biografia são reais e servem como ponto de partida do segundo romance da escritora carioca Julia Barandier, Consigo inventar tudo (Diadorim). Descendente do personagem, a autora escapa das convenções da autoficção familiar e narra uma história enigmática, criada a partir de retalhos sobre o seu antepassado. O lançamento será nesta terça (19), às 19h, na Livraria Argumento (Rua Dias Ferreira, 417 – Rio de Janeiro / RJ). Antes dos autógrafos, a autora conversará com o editor João Nunes Jr.
“O processo desse livro, muito diferente do primeiro, foi árduo. Passei muitos dias imersa na atmosfera sombria e lidando com personagens duros, melancólicos e solitários. Acho que eu mesma entrei no ritmo da obsessão da minha protagonista. E, no final da escrita, me sentia um pouco como ela: duvidando das minhas fontes, dos arquivos, sentindo que estava cutucando um pouco excessivamente os fantasmas do meu passado”, avalia Julia.
A figura do renomado pintor sempre permeou as conversas familiares da jovem autora, formada e mestranda em Letras, adepta de pesquisas em arquivos públicos. Julia se sentia mais intrigada pelas lacunas que as pesquisas escondem do que aquilo que os documentos preservados revelam.
E é dessa brecha que surge o seu segundo livro de ficção, um romance denso, sombrio, silencioso, que flerta com o horror e remete à literatura gótica de nomes como Mary Shelley, Emily Brönte, Oscar Wilde e Charles Dickens, com prefácio assinado pelo poeta, tradutor e imortal Paulo Henriques Britto. Julia preenche o vazio documental com imaginação, recria personagens com pinceladas de loucura e joga com os limites entre a realidade e a ficção.