Escrito en MEIO AMBIENTE E SUSTENTABILIDADE el 18/8/2025 · 12:00 hs

Uma equipe internacional de cientistas, em expedição liderada pelo Instituto de Oceanologia da Academia Chinesa de Ciências (IOCAS), revelou a existência de um ecossistema marinho ‘primitivo’ a cerca de 130 metros de profundidade no Pacífico Ocidental.

Localizado a 80 quilômetros da Fossa de Mussau, na Placa de Caroline (em uma região sismicamente ativa), o sistema é composto por 20 grandes depressões no leito do oceano, algumas delas com mais de um quilômetro de diâmetro. A análise do ambiente foi feita a bordo do submersível tripulado chinês Fendouzhe, e os resultados foram publicados no periódico Science Advances.

O campo, chamado Kunlun, é um sistema hidrotermal que forma uma colmeia de estruturas rochosas responsáveis por canalizar os gases expelidos do interior da Terra, em uma área de 11,1 km² de extensão, maior do que o campo já conhecido de Lost City, localizado no Atlântico Norte.

Com uma alta produção de hidrogênio, que é gerado no processo conhecido como serpentinização — quando rochas ricas em ferro e magnésio interagem com a água do mar para formar os minerais de serpentina, ricos em ferro e magnésio e com propriedades isolantes naturais —, o campo funciona como um laboratório natural para estudar as condições de vida primitiva na Terra, quando o sistema terrestre ainda não produzia oxigênio suficiente para sustentar a vida fora dos mares.

Foram exploradas quatro das maiores crateras do campo de Kunlun a partir do Fendouzhe, em até 130 metros de profundidade.

Nas depressões menores, foram encontrados microrganismos e um ambiente diversificado para espécimes de vida marinha, como camarões, lagostas anãs, anêmonas e vermes tubulares que parecem depender do processo de quimiossíntese de hidrogênio para sobreviver, eliminando a necessidade de fotossíntese e utilizando apenas a energia química gerada nas fontes hidrotermais.

“O que é particularmente intrigante é seu potencial ecológico”, comenta o professor Sun Weidong, autor principal do estudo. “Observamos diversas formas de vida prosperando aqui, que formam um laboratório natural para estudar como a emissão de hidrogênio pode ter contribuído para o surgimento da vida primitiva na Terra.”

As características geológicas de Kunlun sugerem que a atividade hidrotermal passou por uma evolução em etapas: primeiro na forma de erupções gasosas, depois na circulação hidrotermal prolongada e, por fim, na deposição de minerais.

A região é responsável por ao menos 5% da produção global de hidrogênio proveniente de fontes submarinas.

As características do ecossistema também são importantes, além disso, para estudos comparativos entre outros mundos oceânicos com características similares encontrados fora da Terra, como em luas que abrigam oceanos de água líquida em que há reações químicas de mesma espécie para a obtenção de energia por parte de microrganismos alienígenas.

 

Reporte Error

Comunicar erro Encontrou um erro na matéria? Ajude-nos a melhorar