Primeiro-ministro garante que dispositivo de combate está “a 100% no terreno”
Luís Montenegro mantém “confiança total” no dispositivo de combate aos incêndios, após “24 dias de severidade meteorológica como não há registo no nosso país”, e apela à “confiança” nas autoridades, assegurando que há tragédias que têm sido evitadas.
Em declarações aos jornalistas, na sede da Proteção Civil, em Carnaxide, o primeiro-ministro reitera que o Governo “mantém uma confiança total” no dispositivo no terreno. “O nosso dispositivo está a 100% no terreno, não obstante estes 24 dias seguidos de severidade meteorológica como não há registo no nosso país”.
“Estamos todos esgotados, são dias e dias de sofrimento, de terror, em muitos casos, e é preciso mantermos o discernimento de respeitarmos aqueles que estão a tratar da nossa segurança, sejam eles as forças de autoridade, as forças armadas e também os bombeiros”, apela.
Reconhecendo que há quem possa ter alguma “dificuldade em interpretar as suas palavras”, sobretudo quem vive o drama dos fogos na primeira pessoa, Luís Montenegro apela à “confiança” em quem está no teatro de operações e garante que há muitas tragédias que têm sido evitadas.
“Temos mesmo de confiar nos nossos bombeiros, nas forças de segurança, nos nossos autarcas, nos sapadores florestais. Não estou a dizer que é tudo perfeito, em momentos de crise há sempre alguma irritação, muitas vezes pode até haver alguma descoordenação momentânea, mas acreditem: está a ser dado o máximo por muita gente e estão a ser evitadas tragédias, estão a ser evitadas consequências em muitos sítios, apesar das muitas consequências, a começar pelo incidente que ontem [domingo] vitimou um bombeiro”, declara.
Confrontado com as críticas dos autarcas, que têm lamentado a falta de meios para o combate aos fogos, o primeiro-ministro reitera que “o maior dispositivo de sempre” está disponível “todos os dias” para exercer a sua missão no terreno, mas lembra que esses recursos “não são ilimitados”.
Questionado sobre se reconhece agora, em retrospetiva, que o mecanismo europeu de proteção civil foi acionado tardiamente, o primeiro-ministro lembra que há “regras de funcionamento” para acionar esse mesmo mecanismo. “Faremos depois no final a avaliação se o timing foi o correto ou não. O critério [para o acionar] não pode ser o critério do primeiro-ministro, nem o palpite de nenhum político, com todo o respeito”, considera, numa aparente resposta ao secretário-geral do PS, que considera que o Governo agiu tardiamente.
“Nó seguimos os critério técnicos e operacionais, verificaremos no final se isso teve o enquadramento devido. A minha expectativa é que sim, mas nós seremos escrutinados, como é normal numa democracia”, completa.