Café diário pode afetar sono, colesterol e glicemia em pessoas com diabetes tipo 2 e hipertensão, aponta estudo brasileiro publicado em revista internacional

LEIA AQUI O RESUMO DA NOTÍCIA

  • Estudo realizado com 40 diabéticos investiga impacto do café no sono e glicemia.
  • Participantes consumiram em média 5,41 xícaras de café por dia ao final do acompanhamento.
  • Maior consumo de café associou-se à redução do colesterol LDL e menor duração do sono em mulheres.
  • Aumento de peso e glicemia em todos os participantes sugere influência da dieta e sedentarismo.

Produzido pela Ri7a – a Inteligência Artificial do R7

Grãos de Café: como o hábito diário impacta o sono e a saúde de pessoas com diabetes e hipertensão Licença Creative Commons

O Brasil ama um cafézinho. Pensando nisso, eu, juntamente com minha equipe e sob a liderança da professora doutora Luciana Pellegrini Pisani, da Universidade Federal de São Paulo, publicamos na revista internacional Biomedicines um estudo que investigou como o consumo diário de café pode influenciar o sono, o controle glicêmico e o risco cardiovascular em pessoas com diabetes tipo 2 e hipertensão.

Ao longo de 12 meses, acompanhamos 40 adultos, sendo metade mulheres e metade homens, com avaliações trimestrais realizadas no Ambulatório de Clínica Médica e Hipertensão da Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto, vinculada ao Sistema Único de Saúde (SUS).

Todos os participantes consumiam café tradicional adoçado com açúcar (2 g por xícara), com média de 4,17 xícaras por dia no início do estudo e 5,41 ao final.

Entre as mulheres, observamos que o maior consumo de café esteve fortemente associado à redução na duração do sono, mas também à diminuição dos níveis de colesterol LDL, conhecido como “colesterol ruim”. Além disso, uma maior duração do sono se relacionou a melhores níveis de glicemia em jejum, hemoglobina glicada e LDL.

Tatiana Palotta Minari é nutricionista, mestre em Psicologia e Saúde pela FAMERP e doutora em Ciências da Saúde, com ênfase em diabetes, hipertensão, cardiopatias e obesidade, também pela FAMERP. Possui especializações em Nutrição e Suplementação Esportiva, além de Neurociências, ambas pela UNIFESP. Atualmente realiza pós-doutorado em Ciências da Saúde, com foco em crononutrição e sono, na UNIFESP. É membro de sociedades científicas nacionais e internacionais, incluindo a American Society for Nutrition, European Society of Cardiology, European Society for Clinical Nutrition and Metabolism, International Diabetes Federation, British Pharmacological Society e Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo.

Por outro lado, homens e mulheres apresentaram aumento significativo de peso, IMC, glicemia e HbA1c ao longo do acompanhamento, o que sugere que fatores como dieta hipercalórica e sedentarismo podem ter contribuído para o agravamento desses indicadores metabólicos.

Reforço que não se recomenda o uso de açúcar para adoçar o café. Tradicionalmente, a bebida deve ser apreciada pura para que seus aromas e notas naturais sejam valorizados. No entanto, em contextos de vulnerabilidade social, como o dos participantes deste estudo, proibições rígidas e abordagens sensacionalistas devem ser evitadas. Pequenas flexibilizações, quando bem orientadas, podem favorecer a adesão ao tratamento nutricional sem comprometer os resultados. Por isso, é essencial contar com o acompanhamento de um nutricionista antes de realizar mudanças mais drásticas na dieta.

Fique por dentro das principais notícias do dia no Brasil e no mundo. Siga o canal do R7, o portal de notícias da Record, no WhatsApp