Já imaginou um encontro entre Luís de Camões e Fernando Pessoa? Ou entre Carlos Drummond de Andrade e Manuel Bandeira? Foi essa realidade que o escritor português e colunista da CNN José-Manuel Diogo criou no livro “Uma Geografia Poética”.

“Escrevi esse livro imaginando que os portugueses e os brasileiros falam a mesma língua, mas não se conhecem.  Foi essa a ideia do livro, um conjunto de contos que são diálogos de escritores e poetas que nunca poderiam ter se encontrado. Ele começa com dois portugueses, Camões e Pessoa, em Lisboa, falando do futuro. E acaba com Machado de Assis e Eça de Queirós em Tóquio, falando de inteligência artificial”, explicou José-Manuel Diogo.

Publicado pela Editora Patuá, o livro chega nas mãos dos leitores durante A Feira do Livro 2025, festival literário que acontece em São Paulo.

Segundo a editora, o livro de gênero literário e político visa a aproximação das diferentes culturas de língua portuguesa, mas que “pouco se conhecem”. Em 22 contos, o autor recria encontros ficcionais de grande nomes da literatura lusófona.

José-Manuel fala ainda sobre o monopólio de determinadas línguas e a importância de títulos que valorizam a língua portuguesa.

“O português é a única língua oficial de países em quatro continentes. Ela é falada em cinco continentes. Tem quase 300 milhões de falantes e é a única língua que une o norte com o sul. Esse eixo é um eixo geopolítico. A língua é um ativo multipolar, multipartilhado e geopolítico”, afirmou o escritor à CNN.

O livro é composto por contos ambientados em lugares simbólicos, como Lisboa, Maputo, São Paulo, Coimbra, Tóquio ou Recife, o autor constrói conversas entre nomes como Camões e Pessoa, Adélia Prado e Maria Teresa Horta, Eça de Queirós e Machado de Assis, Mia Couto e Ondjaki, Raul de Carvalho e Camilo Pessanha, entre muitos outros.

 “A literatura é mais do que arte — é ponte, memória e resistência.”, escreveu José-Manuel na introdução do livro.

A Feira do Livro 2025

A quarta edição da Feira do Livro 2025 começa neste sábado (14) e vai até o próximo domingo (22), na praça Charles Miller, no Pacaembu, bairro da zona oeste de São Paulo. A expectativa da organização é receber ao menos 110 mil pessoas nos nove dias de festival.

Ao todo, serão mais de 250 eventos gratuitos, entre debates, oficinas, contações de história e outras atividades em torno do livro e da leitura.

Pelo menos 200 autores e autoras devem passar pela feira. É um número recorde de encontros literários do festival. Marcelo Rubens Paiva, Lázaro Ramos e Dr. Drauzio Varella são alguns dos nomes convidados.

O tema desse ano é a celebração dos 40 anos de democracia no Brasil. “Eu acho que não existe nada que simbolize mais a democracia do que livros, uma editora de livros ou uma feira de livros”, afirmou à CNN o diretor-geral da Feira do Livro, Paulo Werneck.

A ideia do evento é promover a bibliodiversidade, ou seja, focar na presença de editores e autores de perfis diversos, de vários lugares do mundo e com diferentes estilos literários.