Quanto ao ordenamento florestal, destacou dois aspetos: “Há árvores de combustão rápida e outras de combustão lenta. Precisamos de apostar nas segundas, que travam a progressão do fogo.” E acrescentou: “Conheço bem situações em que as pessoas não têm condições económicas para limpar. Noutras, nem sequer se sabe de quem é a propriedade.”
Daí a ideia de criar “bancos de terra que seriam geridos pelos municípios ou pelas freguesias, onde esses proprietários pudessem entregar os terrenos sem custos, e que permitissem uma gestão mais organizada, até um emparcelamento, criando também um incentivo económico para a gestão desses espaços, como existia há 30, 40, 50 ou 60 anos. Nessa altura, as pessoas tinham uma relação direta com a floresta: usavam-na, limpavam-na, e, portanto, quando havia incêndios, eles existiam, sim, mas não tinham a dimensão, nem as consequências catastróficas que hoje têm”.
Seguro recordou ainda que “há muitas casas completamente ao abandono e é inaceitável que o interior só tenha voz quando há incêndios, quando há desgraça”. A sua proposta passa por um “pacto para evitar que este seja o novo normal. Porque há uma dimensão criminosa, onde a Justiça e as forças de segurança têm de agir. Mas há também uma dimensão de combate às alterações climáticas, que nos compete a todos.”
Questionado sobre as críticas que têm sido ouvidas no terreno, sobre alegada descoordenação entre entidades envolvidas no combate, deixou um alerta: “Estou um pouco cansado dessa conversa” sobre estruturas e articulações entre autoridades. “Infelizmente, aquilo que é essencial – que é não haver incêndios – não se resolve. Portanto, temos de ter uma conversa séria. E o Presidente da República tem aí um papel discreto, mas que pode ser o mais eficaz para que, de facto, isto não seja o novo normal.”