“​Deseucaliptar, Descarbonizar, Democratizar”: é este o mote do protesto convocado para 20 de Setembro pela rede Emergência Florestal/Floresta do Futuro, que protesta contra a acção das celuloses e da indústria fóssil.

“Perante a escolha reiterada de entrega do mundo rural ao abandono e à eucaliptização face ao calor letal, só a mobilização popular pode travar a catástrofe que foi construída pela aliança entre crise climática, poder político e empresas de celuloses e de fósseis”, defendem os organizadores, num comunicado divulgado esta terça-feira.

À semelhança das acções organizadas nos últimos anos, o movimento volta a apostar num “modelo descentralizado”, apelando a cidadãos, associações locais e organizações sociais “que se somem ao processo e convoquem manifestações, concentrações e acções nos locais onde se encontram”.

No ano passado, a 22 de Setembro, houve concentrações em localidades como Lisboa, Porto, Coimbra, Braga, Odemira, Pedrógão Grande, Torres Novas, Vila Nova de Poiares e Arganil. A rede Emergência Florestal/Floresta do Futuro foi criada em 2022 e reúne participantes de mais de 15 cidades e aldeias do país.

“As elites económicas e políticas empurraram as populações do interior para o litoral, transformando grande parte do espaço rural desertificado em zonas de pilhagem”, afirma o movimento.

Os organizadores apontam o dedo à indústria da celulose, “da Navigator à Altri”, e a empresas de combustíveis fósseis “como a Galp e EDP”, que registam lucros recorde “enquanto as suas emissões e a sua ocupação do território com uma espécie altamente combustível” conduzem, todos os anos, a recordes de temperatura e à morte de centenas de pessoas em ondas de calor e incêndios.

Em termos relativos, Portugal é o país que mais arde da União Europeia, o país com mais área de eucalipto no mundo e o país com menor área pública florestal da Europa − é este o diagnóstico da rede Emergência Florestal/Floresta do Futuro​. Em resposta, o protesto “Deseucaliptar, Descarbonizar, Democratizar” apela à defesa de uma floresta “que mitigue o impacto crescente das altas temperaturas e a destruição causada por um clima cada vez mais feroz e errático”.

Este ano, o protesto liga-se também ao chamado internacional “Draw the Line”, de apelo à acção urgente e decisiva em relação às alterações climáticas, que ocorre entre 19 e 21 de Setembro por todo o mundo. Os organizadores afirmam também estar em contacto com organizações na Galiza e outras regiões de Espanha para que se somem à convocatória.