Autor segue sua investigação sobre a relação do ser com a imensidão do mundo

Prestes a completar 80 anos quando A paixão medida (Record, 128 pp, R$ 69,90) foi lançado, em 1980, Carlos Drummond de Andrade chegava à nova década com uma obra que transmitia vitalidade de estreante. O livro tem início com versos em que Drummond segue na sua investigação sobre a relação do ser com a imensidão do mundo. Recorrente em sua produção, o poema de amor está representado no soneto Confronto, em que se dá o encontro entre o Amor e a Loucura, dois sentimentos tão distantes e tão próximos. O poeta olha para trás em textos que revisitam o próprio passado e a História, declarando seu amor às suas “duas riquezas: Minas / e o vocábulo”, segundo o poema Patrimônio. A finitude está no horizonte, vindo a galope no autobiográfico A morte a cavalo. Aqui há três pequenas obras-primas de sua poesia em prosa: A cruz e a árvore, O marginal Clorindo Gato e A visita. Ainda nesta coletânea, o poema O corvo, de Edgar Allan Poe, faz a ponte para o encontro, ocorrido em 1919, entre o jovem Mário de Andrade e o consagrado Alphonsus de Guimaraens, na cidade mineira de Mariana. Trata-se de uma colagem que põe em diálogo a obra de três grandes poetas.